sábado, 14 de julho de 2012

Após 1 mês, Pílulas do futebol sobre os campeões.

Após 1 mês, Pílulas de Futebol.
Nesse meandro, aconteceram as semifinais e finais da Libertadores e Copa do Brasil e o Brasileirão começou a engrenar. Vou dar uns pitacos atualizados. Claro, a visão de tudo o que aconteceu é a do after things happened, então um pouco influenciada pela maneira como o "filme" terminou e quem foi Campeão.

Corinthians Campeão da Libertadores
Santos 0 x 1 Corinthians foi um dos melhores jogos do Corinthians desde que o time voltou da Série B em 2008 e inaugurou uma nova fase do clube, que se transpôs para as equipes desde então: organização tática e pés no chão. Esse Corinthians que pode ser denominado de "Falsa Retranca", posto que é um time que se defende muito bem e ataca de forma consciente, mas tem um grande volume de jogo que não se traduz em gols. As chances sempre aparecem mas o time ganha de 1, de 2, e goleadas são raras. Esse jogo demonstrou isso, posto que fora de casa, o Corinthians segurou o Santos, anulou Neymar com o esforçado Alessandro e ainda costurou a jogada de um lindo gol. Poderia ter feito mais gols ou mesmo levado o empate, mas o resultado demonstrou que o alvinegro da capital foi nitidamente superior ao praiano.

Emerson marcou o gol da vitória fora de casa contra o Santos.


No jogo de volta, aquele velho nervosismo Corinthiano que pôs tudo a perder em 2003, 2006 e 2010 apareceu novamente. Mas havia um grande treinador no banco que conseguiu fazer o time lembrar que a Libertadores não é uma questão de vida ou morte, e que basta va jogar como vinha jogando. O gol de Danilo logo aos 6 minutos apagou o Santos que não teve uma grande chance contundente. Notava-se uma grande diferença de aplicação tática entre as duas equipes e Neymar mais uma vez anulado. Não por demérito seu, mas grande mérito de Alessandro e do rodízio entre Alex e Danilo na ofensiva esquerda, o que segurava os avanços da excelente estrela Santista.

Lance do Gol do Corinthians: A bola viajou mineira e chegou para o bem colocado Danilo fazer o gol da classificação.
Muito parecido com o gol de Henry contra o Brasil na Copa de 2006.


Sorte de Campeão ou "a bola pune"? Não importa o que se diga, alguma coisa sempre dá errado no planejamento dos times, e isso pode influir ou não na decisão de um Campeonato. No primeiro jogo da final, o Boca Juniors dominou o primeiro tempo inteiro, com algumas chances esparsas do Corinthians, várias chances pelo lado dos xeneizes, mas nada que ameaçasse seriamente Cássio. O segundo tempo foi mais emocionante. Roncaglia abriu o placar, e se se pode dizer que alguém teve sorte, este foi Chicão. Ao colocar a mão na bola, o jogador deveria ter sido expulso e sido marcado um penalty, mas a vantagem do Boca foi maior e Chicão levou só o amarelo. Bom para o Corinthians, que ficaria muito mais em maus lençóis sem um zagueiro em campo do que levando de 1 x 0. Até porque depois a equipe acordou e começou a buscar o ataque mais incisivamente. Já o gol do Corinthians não foi mera sorte, até porque dizer o contrário seria tirar o mérito da equipe. Ter jogadores como Paulinho, Emerson e Romarinho naquele momento fez toda a diferença. O primeiro roubou a bola e seguiu com a mesma como bem sabe fazer. O segundo deu uma assistência totalmente inesperada e fantástica para o terceiro, que mais inesperadamente, nem se importou em estar na Bombonera e de forma fria e calculada, chutou por cima do goleiro. 1 x 1. Após 5 minutos, o Boca Juniors perdeu um gol incrivel numa cabeçada que foi para fora. Mais uma vez, não foi questão de sorte: a bola pune. Mais uma questão de falta de tranquilidade do jogador, que se viu em uma situação de ansiedade de marcar um gol que poderia lhe dar o título. Ansiedade que com certeza não estava do lado do Corinthians e nasceu do gol do time paulista.

Uma imagem para Romarinho se lembrar para sempre.
Um gol tranquilo para dar tranquilidade ao time no jogo de volta.


Boca anulado. Em um primeiro tempo marcado e disputado, ambas as equipes se estudando e sem muitas chances de gol, o Corinthians se absteve de procurar a vitória fundamental em sua história. Mais uma vez uma pequena parcela de nervosismo da Libertadores apareceu, mas de uma forma que não atrapalhou - o Boca também estava nervoso. Nem parecia o Boca de antigamente. Deméritos do Boca ou méritos do Corinthians? Um pouco de um e muito do outro. Vale lembrar que o Boca havia desclassificado todos os seus adversários fora de casa, equipes como o Fluminense e Universidad de Chile, que tinham time para chegarem à final. Assim a aplicação defensiva e a incrível consciência de espaço e marcação avançadas do Corinthians deram resultado.

Emerson foi o nome do jogo. Fez dois gols e provocou os defensores argentinos.
Será que os hermanos vão começar em falar da "catimba" brasileira?


Sem sofrimento. Foi assim o segundo tempo do Corinthians campeão. Emerson, um jogador fantástico de um despertar atrasado (só voltou ao futebol brasileiro para brilhar aos 29 anos), fez os dois gols da vitória. Se no primeiro gol o Boca já se abateu, no segundo gol, a torcida teve a estranha sensação de tudo estar bem encaminhado. Sem sofrimento, bastou esperar 20 minutos para soltar o grito. Nada de gol no ultimo minuto ou penalties. A equipe foi muito superior ao Boca, em todos os aspectos. Nem parecia que a Libertadores era um tabu corinthiano. Tudo serenou. Mesmo as outras torcidas guardaram seus fogos. Já não adiantava mais. Corinthians Campeão da Libertadores.

Aos 25 minutos do segundo tempo o Boca já estava entregue.
Corinthians campeão da Libertadores de 2012.


A perfeição não é necessária para ser campeão. A equipe do Corinthians não é melhor que a de 1999 e 2000, também não é melhor que a de 2006 e a de 2010. Mesmo assim foi muito mais longe. Ter um time competitivo e ligado é muito mais perigoso do que um grupo de jogadores bons e outro grupo destacado. Basta lembrar que o próprio Boca chegou em 5 finais em 8 anos. 



Chegar na semifinal é um grande mérito. Em um campeonato difícil como a Libertadores, as quatro melhores equipes são merecedoras de elogio. Mas infelizmente os dirigentes não pensam assim. As equipes do Santos e do Boca Juniors passaram por críticas malfazejas e talvez até sofram com expurgo de jogadores. Um exemplo é Ganso: de grande expectativa e inclusive adiantamento de recuperação para que o jogador se destacasse nas semifinais, o jogador hoje sai do Santos pela porta dos fundos. O técnico do Boca foi criticado pela falta de garra e o time "apagado". Isso está errado. Tivesse o Corinthians chegado apenas á semifinal, seria um ótimo resultado por si só.
Não é fácil ser um dos quatro melhores da América. Veja que ficaram no caminho Fluminense, Internacional, Flamengo, Velez Sarsfield, Atlético Nacional, Vasco. Qualquer equipe que chega às semifinais tem chance de ser campeã. Ser finalista é melhor ainda. No entanto, no futebol ainda hoje a equipe ser vice ou terceiro lugar é visto como uma perdedora, ao invés de se pensar que está no caminho certo. 
Basta lembrar que muitos dos vices ou terceiros ou quartos chegaram a ser campeões depois. E muitos dos campeões chegaram novamente à semifinal ou final. 



É natural ocorrer a venda de jogadores após o título. Mas Corinthians dá notícias e os comentaristas adoram informações bombásticas. Bastaram rumores de venda de jogadores que muito da imprensa já começou a falar em "desmanche" no time. Em primeiro lugar as contratações tem de ser confirmadas. Em segundo lugar é natural que um título desse naipe valorize sobremaneira os jogadores, e que portanto ocorram vendas para se fazer caixa, para o jogador aproveitar uma excelente oportunidade ou mesmo porque o jogador não se encaixava. Em terceiro lugar, se houverem reposições, ainda assim não é um desmanche. A torcida com certeza se assusta e imagina um futuro não tão glorioso para a equipe. Sendo que apenas uma semana atrás, havia sido disputada e ganha uma das partidas mais importantes da história do clube. 

Castán foi vendido. Zagueiros brasileiros não são tão valorizados na  Europa. Chance do jogador foi excelente.
Paulinho teve contrato renovado: ele faz parte da espinha dorsal do time e sua manutenção é importante para o time continuar competitivo.
Willian é um bom jogador, mas com Romarinho perdeu espaço no time. Corinthians fez um bom negócio, mas o jogador pode vir a estourar futuramente.


Mundial de Clubes. Falo desse assunto depois.

Campeão da Copa do Brasil.

Com méritos, o Palmeiras foi Campeão da Copa do Brasil. A equipe foi muito mais incisiva do que o Coritiba nos dois jogos. E que diferença faz um padrão de jogo. Lembre-se que Felipão já está a mais de 2 anos na equipe. Uma hora o resultado iria aparecer. Mesmo que a equipe não seja das melhores, joga do mesmo jeito faz um tempo, os jogadores se conhecem e tem valores de destaque como Valdivia, Mazinho, Barcos e Henrique. 

Palmeiras foi chegando chegando e chegou. Campeão da Copa do Brasil.


Estilo Mineiro Agauchado. As últimas temporadas não foram boas para o Palmeiras. A equipe não era uma das favoritas á Copa do Brasil. Chegou como quem não quer nada, sem obrigações e foi campeã. Isso já aconteceu com outras equipes de Felipão. Lembre-se da Copa de 2002. A Argentina especialmente e a França eram consideradas favoritas, seguidas pela Alemanha. O Brasil era uma equipe que havia chegado aos trancos e barrancos nas eliminatórias e tinha sido eliminado da Copa América por Honduras. Foi campeão de uma forma incrível.

Por estas razões o Palmeiras é uma equipe extremamente perigosa na Libertadores de 2013 (contando que Felipão continue). Ela tem o que é necessário para avançar na competição: um time com um padrão de jogo definido e competitivo.

Palmeiras com Felipão é uma equipe competitiva e perigosa.


Ao final de contas as pílulas não foram tão pílulas por que havia muito o que falar. 
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