sexta-feira, 29 de maio de 2015

O racha do futebol em 2015

O ano de 2015 pode ser um daqueles mais importantes da história do futebol. O escândalo de corrupção da Fifa pode colocar uma pá de cal no sistema atual de gestão do esporte mais querido do mundo. 

O racha do futebol

Reeleito. 


Joseph Blatter acaba de ser reeleito para presidente da FIFA, a despeito de todas as denúncias que estremeceram a entidade. Denúncias e prisões, que por lógica e por uma física típica das grandes corporações e por isso inexorável, não tem como não respingarem na figura do atual mandatário do futebol mundial. 

Blatter conseguiu o apoio das confederações nacionais e regionais do mundo todo, exceto da Europa, onde a oposição foi substancial. Disto e de outras circunstâncias, pode ocorrer um fenômeno único e que alterará toda a estrutura do futebol mundial: O racha entre a Europa e o resto do mundo (no futebol).

Já faz algum tempo, os clubes europeus tem brigado com a FIFA por questões de salário e direito de imagem de seus jogadores, e indenização por lesões, quando da disputa de campeonatos internacionais. O desgaste já era evidente com a participação de Luis Figo nas eleições da entidade e o apoio ao maior concorrente de Blatter.

Agora, com as notícias sobre a corrupção e a repercussão negativa sobre as mortes no Catar, há grandes chances de tentativa de criação de uma nova entidade, capitaneada pelos Europeus (e Michel Platini). 

As consequências podem ser diversas para os clubes brasileiros. E serão o mais negativas quanto mais ficarem atrelados à CBF, uma das apoiadoras de Blatter. O Futebol pode mudar com relação a regras de aquisição de jogadores e outras essenciais à prática do esporte, principalmente econômicas e comerciais. Ganha, em geral, quem tem maior poderio econômico, e por isso, maior voz. Se as equipes brasileiras defenderem, na hipótese de uma "revolução", o sistema antigo, podem ter muito a perder. Nossos melhores jogadores já se vão cedo. Imagine diante de um racha onde o futebol sulamericano ficasse desacreditado?

Basicamente, os 11 denunciados pela procuradoria americana são sulamericanos e caribenhos. 

É melhor participar das mudanças do que ser o alvo delas. 

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Que Guerrero vá. Que seja feliz. E que volte.

Anunciado oficialmente que Paolo Guerrero não defenderá mais as cores do Corinthians em 2015, as redes sociais tremeram e a torcida alvinegra se dividiu. Uns defenderam rejeitar o craque, outros agradecer a sua passagem. Uns lhe desejam: vá para o inferno e outros, lhe desejam boa sorte. Eu sou da última vertente. 

Que Guerrero vá. Que seja feliz. E que volte.

Um gol fatídico e que não trouxe idolatria imediata. 


Quando Guerrero chegou no Corinthians, foi justamente na ressaca da conquista da Libertadores. O time não dava muita bola para o Brasileiro, só pensava no Mundial, e para falar a verdade, ninguém sabia quem era aquele peruano doido com cabelos em metamorfose constante. A torcida estava bem contente com Sheik e com Jorge Henrique e imaginou que Guerrero seria uma espécie de novo Liédson, colhendo um gol aqui e outro acolá. 

Guerrero pareceu se entrosar rapidamente com a equipe e marcou 6 gols em 15 jogos no certame nacional. Mas a torcida ainda não botava fé no Peruano. Eis que chegou dezembro, uma copa especial e um gol fatídico. Mas nada mudou. 

O Gol do mundial, e uma idolatria que não se consumou.

O Nove Corinthiano marcou um típico gol de oportunismo e categoria e ajudou a bater a equipe inglesa do Chelsea. Trata-se de um dos títulos mais importantes da história alvinegra, mas ainda assim, tal como aconteceu com Mineiro pelo São Paulo e Adriano Gabiru pelo Inter, o gol não trouxe idolatria imediata ao jogador. Faltava alguma coisa, e ainda falta. 

A torcida só foi se acostumando mesmo a Guerrero nos outros dois anos, e passou a contar com o jogador como um diferencial em 2014 e 2015. O peruano não chegou a ser ídolo, mas ele estava na porta. Se Guerrero continuasse, certamente angariaria mais admiradores ao seu futebol, o que certamente ele tem condição de fazer. Assim como disse Casagrande, Guerrero estava em vias de se tornar ídolo. Mas vai sair. 

O que o jogador merece, o que o jogador pede e o que o time pode pagar. Que seja feliz. 

Peruano merece o que pede.


Não compartilho da tese de parte considerável da torcida de que Guerrero é mercenário. O jogador já tem 31 anos e todos sabem que a carreira do jogador de futebol é curta e o futuro é incerto. Trata-se, provavelmente, do último bom contrato do atacante peruano e o jogador tem que fazer um pé de meia. 

Guerrero está certo em pedir os valores que ele acha que o time pode pagar. O problema é que o time não pode pagar. Mas o time não pode pagar justamente por seus próprios erros. Fosse em 2014, o time tinha condições de arcar com o que Guerrero pede. Mas preferiu investir R$ 1 milhão mensal em dois jogadores que não trouxeram retorno algum e cujo valor de revenda tende a decrescer: Love e Cristian. Eles ainda podem estourar. Mas até agora, o investimento não se justificou. Enquanto isso, Guerrero, o jogador mais regular das últimas temporadas, vai embora. 

Ele merece o que pede. E o Corinthians só não pode pagar por seus próprios erros.

Explico: Não existe jogador igual a ele no futebol brasileiro. Guerrero sabe finalizar, sabe cabecear, sabe marcar e age como um pivô como ninguém. Guerrero também não tem medo de se jogar na bola e não tem medo de qualquer campeonato. Paolo é o contraponto de muitos boleiros brasileiros atuais. É o melhor reforço que qualquer time brasileiro possa querer. 

Que volte.

Gosto muito do futebol de Guerrero. E acho que ele ainda tem chances de voltar ao Corinthians. Caso fique no futebol brasileiro, será difícil a qualquer equipe pagar o pede. O Flamengo exsurgiu em um rompante de bom pagador, mas, conhecendo as agruras da cartolagem, é duvidoso saber até quando. 

Guerrero se identifica com os times de massa. Tem tudo para dar certo no Flamengo. Mas tomara que seja bem pago, e em dia. E que se for trocar de time, que volte para o Corinthians. Eu, pelo menos, o aceitarei de bom grado. 

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Pitacos do Brasileirão - Não é possível falar em favorito

Terminada a terceira rodada, quatro times dividem a primeira posição: Sport-PE, Goiás, Corinthians e São Paulo. Todos com sete pontos, ainda é muito cedo para falar em favorito. Duas rodadas seriam o suficiente para colocar estes mesmos times na parte de baixo da tabela, ainda mais com as próximas rodadas recheadas de clássicos. 

Nenhum time se destacou pelo bom futebol vistoso. O Atlético Mineiro, sensação do final de semana passado, ficou vendido ao xará Paranaense. A única equipe que teve uma vitória com V maiúsculo foi o São Paulo, que finalmente fez valer o seu bom elenco. 

Ponto negativo foi a fraca média de gols, com metade dos jogos terminando em placar simples. No 0 x 0 no Maracanã, que praticamente só teve futebol no segundo tempo, ambas as equipes tiveram chances de faturar, mas o Flu parou nas mãos e pés de Cássio e o Corinthians no erro do seu próprio atacante. Corinthians que virou uma grande incógnita. O Futebol já não é mais o mesmo do começo do ano e logo o ataque titular vai sair. A última partida de ambos os jogadores - Guerrero e Emerson - deve ser justamente o clássico.


E por falar em clássicos, o próximo final de semana promete, com Palmeiras x Corinthians e Fla x Flu e um intervalo de apenas três dias até a quinta rodada. Talvez, depois disto, possamos falar em favoritos para a Libertadores. 

Destaque dos gols foi o da vitória da Chapecoense sobre o Santos - uma bala de Apodi. 



Claro, tudo pode mudar com a abertura da janela de transferências da Europa, em 1º de julho, que só termina em 31 de agosto. Só aí, podemos falar que o Brasileiro definitivamente começou. 

segunda-feira, 18 de maio de 2015

A segunda rodada do brasileirão - pitacos

A segunda rodada do brasileirão termina com o Corinthians na liderança e o Cruzeiro na lanterna, únicos times 100% (derrotas, no caso do cruzeiro).

É muito cedo para falar em favoritos! Mas a história demonstra que as primeiras rodadas são importantíssimas para definir os classificados para a Libertadores e o futuro campeão. E nesse ano, mais importante ainda. 

Corinthians

A vitória do Corinthians foi magra como o seu futebol. Ao menos os três pontos vieram em um jogo que não houve tanta dificuldade. A tabela, no entanto, parece ser ingrata com o Timão: os próximos adversários são todos clássicos: Fluminense, Palmeiras e Grêmio. Depois do Joinville (5ª rodada) vem Santos e Internacional, os times que tem jogado melhor no primeiro semestre. É mole?

Santos e Atlético Mineiro

Gol mais belo da rodada: Geuvânio, pelo Santos. Foto: Rogério Soares / A Tribuna

Grandes destaques são a vitória do Santos sobre o Cruzeiro, com direito a golaço de Geuvânio, e a Vitória do Galo sobre o Fluminense por 4 x 1, demonstrando rápida recuperação e bom futebol. O time Santista vai a Chapecó e o Atlético mineiro enfrenta o seu xará Paranaense. 

Grêmio e São Paulo

A derrota do Grêmio foi marcada por um gol contra fantástico e põe uma grande interrogação sobre a continuidade do trabalho de Felipão, já muito questionado, até o final do campeonato. O mesmo se pode dizer sobre o São Paulo, a incógnita atual do brasileirão, um dos melhores elencos, mas que em breve vai perder o seu goleiro e não se sabe se vai contratar um técnico. Pato e Ganso, antigas esperanças da torcida brasileira nos idos de 2010, parecem não se encontrar. Quem aproveitou foi a Ponte, que ganhou de forma merecida, com mais um golaço de Renato Cajá.

Sport, Flamengo, Inter e Palmeiras

Diego Souza de goleiro contra o Flamengo. Foto: Alexandre Brum/ O Dia


O Flamengo conseguiu venturoso empate contra um surpreendente e eficiente Sport, que jogou os últimos minutos com Diego Souza como goleiro. O Inter, jogando com time reserva, recebeu e bateu o Avaí em casa e conseguiu boa vitória, dadas as circunstâncias. Destaque negativo é o empate de zero do Palmeiras com o Joinville, um jogo que podia muito bem trazer os três pontos para a equipe alviverde.

Prognósticos

Como eu não gosto só de descrever o futebol, mas também analisar, vejo um brasileirão interessantíssimo e disputadíssimo, com a quarta, a quinta, a sétima e a oitava rodadas cheias de clássicos, o que significa que, se algum time conseguir despontar até a décima rodada, pode ter a sua vida mais fácil no resto do primeiro turno. No segundo turno, a saraivada de clássicos começa novamente e pode embolar o certame. Não há muitos clássicos nas últimas três rodadas, o que também pode tornar o campeonato meio moroso nas últimas dez rodadas caso aconteça como nos últimos dois anos, quando o cruzeiro arrancou sem maiores concorrentes. 


quinta-feira, 14 de maio de 2015

Pitacos da Libertadores

O bom da Libertadores é o Internacional. Com dois jogos espetaculares contra o Atlético Mineiro, golaços e classificação merecidíssima, destaques de Valdivia e D'Alessandra, a equipe está do lado certo da tabela e evitará pegar Cruzeiro, River ou Boca antes da final. 

A equipe gaúcha cresce no momento certo, ao contrário do Corinthians, que caiu, e do São Paulo, que nunca cresceu o suficiente para passar das oitavas, e deu azar de pegar um bom Cruzeiro.

Cruzeiro que pegará Boca ou River. É mole ou quer mais? O 1 x 0 foi magro mas o futebol não. A equipe pululava cá e lá na defesa do São Paulo e poderia ter saído com a classificação no tempo normal. Não foi assim, mas os penalties, desta vez, trouxeram justiça. Agora o "prêmio" é só pegar um gigante argentino. Bom, quem quer ser campeão não escolhe adversário, vide o Corinthians - o presente de deus se tornou um efetivo pesadelo. 

Restando poucos jogos para as quartas, prevejo Inter na final e Guarani (Par) na outra. Quem sabe?


A derrota corinthiana - uma guerra de um lado só

Quando Paolo Guerrero fez falta boba no ataque, excesso de vontade que trasmudou em violência, eu já me segurei nas canelas e imaginei que aquele Corinthians não seria muito diferente dos jogos anteriores. Faltava inspiração, sobrava vontade, mas isso não seria suficiente diante de um time bem montado e fechado como o Guarani. O Corinthians parecia estar vivendo uma guerra e isso, como em 2003 e 2006 e 2011, foi negativo.

A derrota corinthiana, os excessos cometidos e o futuro

Mais uma expulsão de um Corinthiano: time confunde intensidade com ansiedade. Foto: Junior Lago/ UOL


O lance do Guerrero foi fátidico para mim, afinal, menos de um minuto já tinha passado. Eu tive certeza, diante dos últimos jogos, que o nervosismo traria uma ou mais expulsões para os nossos jogadores. A Libertadores do Corinthians foi um campeonato atípico na técnica, com um início promissor e uma queda brusca, mas no quesito "violência" nada mudou. Emerson, Guerrero, Fábio Santos e Jadson e Mendoza foram expulsos em jogos chaves, contra o Once Caldas, São Paulo e Guarani, justamente os mais importantes da temporada. 

A ansiedade, a violência, a pressa e o excesso de vontade estão relacionados. 

O meu palpite tem a ver com a forma como Tite montou o time. Tite veio da Europa com um jargão - intensidade! Algo que ele pregou desde o começo já no jogo contra o Hamburgo. 

E com uma boa preparação, a equipe começou a temporada atropelando os adversários. O que Tite tinha aprendido em Madrid e Londres estava se aplicando e parecia funcionar de vento em popa. Mas aqui não é a Espanha ou a Inglaterra. O certame é muito diferente e as preparações também. A ideia aplicada pelos técnicos europeus vem sendo trabalhada há bastante tempo e evoluiu do Tika-Taka (controle da posse de bole e ciscar na área adversária) para as blitz da Seleção Alemã e time do Real Madrid, dando preferência para a efetividade. Mas isso já dura pelo menos dois ou três anos. 

Os jogadores brasileiros não estão acostumados ainda a isto. É novo. E aqui na América do Sul e especialmente o Brasil, o futebol tem muito de emoção. Não foi difícil confundir a intensidade pedida por Tite com o excesso de vontade que descamba para a ansiedade, retrato do jogo, e a violência. O Corinthians, mais uma vez, tratou um jogo simples como uma guerra. O emocional, que foi o diferencial em 2012, pecou novamente em 2015. Já o Guarani do Paraguai nunca esteve efetivamente ameaçado. Teve uma atitude tranquila. A guerra era de um lado só

Ponto certo é que o treinador da equipe porteña é um nome a ser anotado para futuro, conseguindo mixar uma defesa sólida com contra ataques perigosíssimos, dada a limitação do time. 

Atacante paraguaio Santander também é um bom nome para o futuro. Foto: divulgação. 


A guerra psicológica não funcionou e o time perdeu dentro de campo. Fatores extra campo atrapalharam também, como a falta de pagamento de salários e o descontrole das finanças. As contratações não surtiram resultado: O jogo mais importante era formado basicamente por jogadores do Brasileiro de 2014. 

O futuro

A depender da forma amadora como a diretoria agiu nos últimos anos, com a contratação de Pato, Love e Cristian, especialmente os dois últimos com salários altissimos, o Corinthians terá trabalho no campeonato brasileiro. Se Guerrero realmente sair, será uma prova da falta de eficiência e o time perderá 50% do seu poder de fogo. 

Tite precisa repensar a sua estratégia de forma a manter a ideia inicial e a forma como o Time jogava no começo do ano. Não é porque perdeu que o técnico é ruim. O Corinthians se desencontrou, infelizmente na etapa mais complicada do caminho. Até implementar a filosofia, pode demorar, e o Brasileiro é um ótimo laboratório. 

A Copa do Brasil é incógnita. 

domingo, 10 de maio de 2015

Começou o brasileirão, meio que na surdina. Palpites.

O ano é de 2015 e o campeonato brasileiro está chegando na sua 45ª edição, ou a 56,ª se as edições anteriores a 1971 forem consideradas. Trata-se da competição futebolística mais importante do país. Ainda assim, pouco se fala sobre o certame. Parece que nem vai começar. Talvez seja isso mesmo o que aconteça. Os torcedores só acreditam que o campeonato começa depois do fim da Libertadores.

A Libertadores só acaba em 05 de agosto, quase perto da virada para o segundo turno.

Se o Brasileiro começou meio na surdina, o futebol foi de qualidade. Os jogos foram francos e não à toa houve um grande jogo com um grande placar em Grêmio 3 x 3 Ponte Preta.

Bom, como torcedor que é torcedor tem que palpitar, vou deixar os meus palpites para esta edição. Times que disputarão o título e Libertadores:

Cruzeiro, Corinthians, São Paulo, Inter, Palmeiras, Flamengo e Chapecoense. Aliás, um time catarinense vai fazer uma ótima campanha e pra mim é a Chapecó.

Rebaixados: Figueirense, Fluminense, Sport e Joinville.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

O pior Corinthians do Ano - Corinthians 0 x 2 Guarani (PY)

Terminada a rodada final das classificatórias da Libertadores, o torcedor corinthiano, desgostoso com a derrota frente ao São Paulo, teve um certo alento. O time enfrentaria o Guarani do Paraguai, que é um clube grande lá, mas aqui quase desconhecido. Um torcedor otimista e de certa forma realista poderia esperar inclusive duas vitórias, dada a diferença técnica. Mas ontem, ao acabar do primeiro jogo, nenhum espectador poderia duvidar da grande vitória da equipe paraguaia e da ineficiência corinthiana.

O PIOR CORINTHIANS DO ANO
Corinthians 0 x 2 Guarani (PY) - Defensores del Chaco. 

Cássio toma gol incrível e coloca Corinthians em maus lençóis.
Foto: EFE/Andrés Cristaldo


Feitas as considerações iniciais, que dão grau de rompante à vitória do time Guarani, vou analisar o jogo em si. A preguiça parecia imperar no Corinthians, que entrou excessivamente calmo e até meio desconcentrado, de certa forma uma continuidade para com os últimos jogos do timão contra Palmeiras, São Paulo e San Lorenzo, em que também não foi bem. 

Não importa o nível do adversário, se o time entra daquele jeito popularmente chamado de "meia-bomba", a tendência é deixar o oponente crescer e sofrer riscos desnecessários. O retrato do jogo, então, foi esse: Um time que agia como se fosse resolver o jogo a qualquer hora, o Corinthians, e o outro time que efetivamente podia resolver o jogo a qualquer hora, o Guarani, tanto que assim o fez e poderia ter marcado mais.

Ainda no primeiro tempo as falhas de posicionamento deixaram o bom atacante Santander livre para chutar, Cássio saiu mal, mas Gil salvou. A sorte salvou, incompetência. Quando o Corinthians melhorou, ao fim do primeiro tempo, dominando o jogo e criando boas oportunidades, parecia promissor para o segundo tempo. Nenhuma destas chances, porém, foi substancial.

No segundo tempo, Tite demorou a mexer. Deveria ter entrado com Danilo no lugar de Renato Augusto ou de Luciano, que não cumpria bem suas funções nem de ataque e muito menos de defesa. Aliás, em termos de defender e consciência tática, até agora o Corinthians não arranjou um bom substituto igual ao Jorge Henrique, que fazia poucos gols mas era parte essencial daquela super-defesa do Corinthians em 2012. 

E já perto dos 15 minutos, em uma falta boba marcada, Cassio engoliu um frango impressionante, mostrando o reflexo da desconcentração, em chute batido pelo centroavante Santander. Gol que normalmente não tomaria, gol que complica o Corinthians. 

Quando Danilo entrou, depois do primeiro gol, foi quem mais criou perigo e armou jogadas. Se estiver bem fisicamente, Danilo deve voltar a ser titular, no lugar de Renato Augusto, que está devendo bastante. 

O Corinthians já fazia o seu pior jogo, mais até do que contra o São Paulo, quando esboçou uma reação e chegou a assustar o time paraguaio durante dez minutos, com uma bola na trave. No entanto, as falhas individuais e táticas continuaram e o Guarani continuava perigoso, ciscando pela área Corinthiana e contra-atacando vez ou outra de forma perigosa. E aí não deu outra, para fechar com chave de ouro a noite terrível, a zaga bobeou e Contrera fez o segundo gol, tornando a vida corinthiana na Libertadores muito mais difícil.

Ninguém pode falar que não foi merecido. Aliás, mesmo que o Corinthians jogasse mais, o Guarani teve méritos e soube se impor. Se os gols surgiram de falhas individuais também, é em razão da insistência do time paraguaio que ainda teve pelo menos mais duas ou três chances claras de gol.

Já o Corinthians deve ter muita atenção. Os últimos jogos mostram um certo descaso, desconcentração. Aquela ideia de intensidade de Tite parece ter sido deixada de lado. O time perdeu a sua identidade em menos de um mês e deixou subir à cabeça os elogios de começo de temporada. Mas de nada valerá a boa campanha se for eliminado agora.

O pior jogo do Corinthians do ano pode ser justamente aquele que mais valeu até agora. 

Tem plenas chances de reverter. Mas dependerá especialmente de não tomar gols em São Paulo. E mudar o futebol que vem jogando. 


segunda-feira, 4 de maio de 2015

Falta de planejamento e Corinthians paga o Pato

Em 2012 e 2013 o futebol brasileiro parecia viver uma bonança. O PIB canarinho ainda crescia e uma aura de otimismo envolvia o esporte bretão. A Copa do Mundo se aproximava, novos estádios eram construídos e os times recebiam as cotas de novos e polpudos contratos com a TV. Abrir os cofres parecia ser a estratégia mais lógica. Mas alguém chegou a pensar no futuro que temos hoje?

Corinthians ainda paga o Pato

Foto: Site ESPN


A grande maioria dos times brasileiros, excetuando o Flamengo, parece estar em dívidas oriundas deste período. Os times paulistas, cariocas, mineiros e gaúchos viram as suas dívidas crescerem. Veja no blog do Rodrigo Mattos mais informações. Parece que ninguém esperava pela bonança passar tão rápido. Foi-se a Copa, foram-se os torcedores estrangeiros e restou um clima de domingo à noite no futebol brasileiro, depois do time do coração tomar aquela goleada (7 x 1?). Um vazio e sentimento de desesperança. 

Os dirigentes? Tentaram buscar as mesmas alternativas de sempre, especialmente uma moratória com a União, que quase pode ser confundida com um perdão de tributos. Mudanças de cabeça? Nada. 

Mas falo especificamente da contratação do Pato. O Pato é um grande jogador, o Corinthians um grande time, mas o momento não era dos melhores. Afinal me parece que o timão decidiu investir toda a bolada em jogador só, uma espécie de novo Ronaldo, mas muito mais caro, afinal o fenômeno veio de graça, a despeito de seus salários. Primeiro erro de investidores financeiros é colocar todos os ovos em um só cesto né?

Se não a maior, mas das maiores contratações de todos os tempos, Pato chegou por nada mais, nada menos do que R$ 40 milhões, para jogar o equivalente a 15 meses por salários que beiram R$ 800.000,00/ mês. Só aí já são mais R$ 12 milhões. Que tipo de planejamento financeiro é este que não leva em conta o impacto que o jogador vai ter na folha salarial? Pato equivale hoje a quatro meses de salário de todo o time do Corinthians. E mesmo jogando no arquirrival, a soma despendida a ele chega a 5% do total da folha. E só no SPFC ele já custou mais uns R$ 5 milhões aos cofres alvinegros. 

É fácil falar dos acontecimentos depois que aconteceram. Mas será que alguns problemas não eram previsíveis? Como por exemplo a desacelaração do PIB brasileiro e os próprios gastos corinthianos com estádio? Este ano, depois de algum tempo no azul, o Corinthians voltou a dever salários para os seus jogadores. 

A contratação também gera efeitos dentro de campo. Ciumeira entre jogadores. "Passa pro trezentinho". 

Engraçado. No futebol brasileiro, a arte imita a vida, e o ditado imita a realidade. O Corinthians ainda paga o Pato. Literalmente. Para jogar e arrebentar em um dos seus maiores rivais. Pato é bom jogador e o Corinthians é um grande time. Mas de todos os times que mais se endividaram, o Corinthians é quem teve o maior aumento: De 2013 para 2014, a dívida subiu mais de 60%. Para piorar, teve de fazer um acordo com o fisco para pagar certo o que pagou errado. E viu minguar a sua capacidade de contratar bons jogadores. Tanto que tem dificuldade em renovar com Guerrero - mais um erro de planejamento quando não renovou com o jogador em 2012 ou 2013 ou mesmo 2014. 

O Corinthians não é o único, mas é um dos grandes exemplos do excesso de otimismo financeiro, que reflete falta de planejamento e amadorismo. É preciso que os grandes clubes repensem as suas políticas de contratações de jogadores e de austeridade fiscal. Logo ouviremos times que anteciparam cotas de 2017 e vão vazar os orçamentos futuros. Enquanto isso, os dirigentes ingênuos acreditam em renovação do futebol brasileiro mantendo as mesmas peças. E ai, quem paga o Pato somos nós, torcedores. Continua 7 x 1 para a Alemanha. 


domingo, 3 de maio de 2015

A melhor Libertadores dos últimos tempos

Neste ano de grandes clássicos na Liga dos Campeões com Real Madrid x Atlético, Barcelona x PSG, Manchester City x Barcelona, Porto x Bayern, e mais dois clássicos nas finais. Não precisa falar muito mais sobre isso né? Jogões! Mas vamos dar uma olhada na Libertadores deste ano. Vamos olhar para os nossos vizinhos e perceber que aqui também têm tido jogos de ótima qualidade, apesar do nível técnico não se comparar.

Nos últimos anos sempre se criticou a primeira fase da Libertadores. Os times brasileiros na maioria das vezes atropelavam e ficavam em primeiro, segundo lugar, sem muita dificuldade. A Libertadores 2015 não foi assim.

Atlético Mineiro, Cruzeiro, Inter e São Paulo tiveram problemas e ficaram próximos da desclassificação. Especialmente os Mineiros. Não quer dizer que os times brasileiros caíram. Pelo contrário, as demais escolas sul americanas subiram de nível. Não a toa o Tigres do México fez uma ótima classificação. O Boca foi o primeiro lugar geral merecido. Mesmo o River teve grandes dificuldades. Destaques, além dos times brasileiros, são o Independiente de Santa Fé e o Racing da Argentina. 

E olhando para como foi essa primeira fase, tivemos jogos excelentes, que além de técnica, demonstraram aquilo que nós já conhecemos da Libertadores: Raça e o coração na chuteira. Ao passo que na Liga das Campeões tivemos ótimos jogos sim, mas também alguns mixoxos 0 x 0 nas quartas de final onde os times não procuraram o ataque. 

Dentre alguns dos jogos mais interessantes, aqueles do Boca foram dos melhores. O grupo da morte também teve demonstrações de técnica e emparelhamento, e infelizmente para o papa, o San Lorenzo levou a pior. Corinthians e São Paulo fizeram dois jogos iguais, onde houve intenso domínio técnico e tático do time vencedor. Mas os que mais me chamaram a atenção foram os jogos do Inter e do Tigres. O Inter conseguiu a façanha de golear o Universidade do Chile por 4 x 0 em Santiago, e quase perder do Emelec em casa, ganhando por 3 x 2 com o coração na chuteira. E o que dizer de Juan Aurich 4 x 5 Tigres? O jogo que classificou o River Plate teve viradas e emoção até o fim, Foi o jogo que mais me impressionou pelos gols e pela emoção envolvida. Veja abaixo os lances:




Agora a Libertadores nos traz nada mais nada menos que três super classicos nacionais, dentre eles: Internacional x Atlético Mineiro, São Paulo x Cruzeiro e especialmente Boca Juniors x River Plate. Todos estes times, excetuando o River, com um bom nivel técnico. Para quem pensa que a Libertadores está devendo, talvez seja bom dar uma ligada na TV e assistir. Quem sabe você não vai se surpreender?