quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Para onde vai o nosso futebol?

Melhor do que o silencio que faz imperar e continuar a mediocridade do futebol brasileiro, as conversas recentes entre clubes, jogadores, governo, CBF e Globo, por mais que possam levar a um caminho incerto e talvez indesejado, demonstram de forma patente que a necessidade de mudança no nosso esporte já passou de um simples querer, e chega às vias de fato. 

Em outras palavras: melhor do que nada. 

A Globo, claro, tinha que se mexer. Afinal, o futebol como produto está se tornando desinteressante. A audiência diminui ano a ano. Se continuar assim, os clubes que se cuidem - teremos uma crise de enormes proporções quando a TV, maior mantenedora do nosso futebol, deixar de pagar as cotas em virtude de não ser mais rentável. 

A CBF parecia não estar interessada por si só. Afinal, só tem olhos para a Seleção Brasileira. Mas é questão de tempo entender que mesmo esta tem perdido apelo com torcedores e com os estrangeiros. Os patrocínios conseguidos nos últimos foram muito fruto de uma marca que se confundiu com campeã. Mas já faz 12 anos desde a Copa de 2002 e serão 16 na Rússia. Enquanto isso, vende-se muita camisa da Alemanha por aqui, que começa a virar sinônimo de futebol bem jogado. A renovação da Seleção passa pelos clubes. Se a CBF não se mexer, a Seleção como produto também tende a se desvalorizar.

Discute-se a volta do Mata-mata no Brasileiro. Mas isso seria bom para os clubes? Afinal uma das ideias dos pontos corridos é que o time mais estável durante todo o campeonato é o justíssimo campeão. Mas a melhor vantagem é que as equipes que sabem aproveitar a ideia de sócio-torcedor podem criar uma fonte de recursos definitiva. Talvez um campeonato que termine em mata-mata, por mais interessante que pareça ser, venha a tornar os clubes mais dependentes da cota da TV, o que é nocivo. Os torcedores perderiam o interesse em ver os jogos da primeira fase quando saberiam ser os decisivos muito mais atraentes. 

Discute-se calendário e reforma da estrutura da CBF. Mas também devemos tocar em outras feridas como o horário dos jogos, feito em função da TV e menos do torcedor, e a responsabilidade dos dirigentes dos clubes. 

É certo que vivemos um período de incerteza em 2014. Aliás, 2014 na numerologia dá 7, o número de gols que tomamos da Alemanha. Para onde vai o nosso futebol?