sábado, 14 de julho de 2012

Após 1 mês, Pílulas do futebol sobre os campeões.

Após 1 mês, Pílulas de Futebol.
Nesse meandro, aconteceram as semifinais e finais da Libertadores e Copa do Brasil e o Brasileirão começou a engrenar. Vou dar uns pitacos atualizados. Claro, a visão de tudo o que aconteceu é a do after things happened, então um pouco influenciada pela maneira como o "filme" terminou e quem foi Campeão.

Corinthians Campeão da Libertadores
Santos 0 x 1 Corinthians foi um dos melhores jogos do Corinthians desde que o time voltou da Série B em 2008 e inaugurou uma nova fase do clube, que se transpôs para as equipes desde então: organização tática e pés no chão. Esse Corinthians que pode ser denominado de "Falsa Retranca", posto que é um time que se defende muito bem e ataca de forma consciente, mas tem um grande volume de jogo que não se traduz em gols. As chances sempre aparecem mas o time ganha de 1, de 2, e goleadas são raras. Esse jogo demonstrou isso, posto que fora de casa, o Corinthians segurou o Santos, anulou Neymar com o esforçado Alessandro e ainda costurou a jogada de um lindo gol. Poderia ter feito mais gols ou mesmo levado o empate, mas o resultado demonstrou que o alvinegro da capital foi nitidamente superior ao praiano.

Emerson marcou o gol da vitória fora de casa contra o Santos.


No jogo de volta, aquele velho nervosismo Corinthiano que pôs tudo a perder em 2003, 2006 e 2010 apareceu novamente. Mas havia um grande treinador no banco que conseguiu fazer o time lembrar que a Libertadores não é uma questão de vida ou morte, e que basta va jogar como vinha jogando. O gol de Danilo logo aos 6 minutos apagou o Santos que não teve uma grande chance contundente. Notava-se uma grande diferença de aplicação tática entre as duas equipes e Neymar mais uma vez anulado. Não por demérito seu, mas grande mérito de Alessandro e do rodízio entre Alex e Danilo na ofensiva esquerda, o que segurava os avanços da excelente estrela Santista.

Lance do Gol do Corinthians: A bola viajou mineira e chegou para o bem colocado Danilo fazer o gol da classificação.
Muito parecido com o gol de Henry contra o Brasil na Copa de 2006.


Sorte de Campeão ou "a bola pune"? Não importa o que se diga, alguma coisa sempre dá errado no planejamento dos times, e isso pode influir ou não na decisão de um Campeonato. No primeiro jogo da final, o Boca Juniors dominou o primeiro tempo inteiro, com algumas chances esparsas do Corinthians, várias chances pelo lado dos xeneizes, mas nada que ameaçasse seriamente Cássio. O segundo tempo foi mais emocionante. Roncaglia abriu o placar, e se se pode dizer que alguém teve sorte, este foi Chicão. Ao colocar a mão na bola, o jogador deveria ter sido expulso e sido marcado um penalty, mas a vantagem do Boca foi maior e Chicão levou só o amarelo. Bom para o Corinthians, que ficaria muito mais em maus lençóis sem um zagueiro em campo do que levando de 1 x 0. Até porque depois a equipe acordou e começou a buscar o ataque mais incisivamente. Já o gol do Corinthians não foi mera sorte, até porque dizer o contrário seria tirar o mérito da equipe. Ter jogadores como Paulinho, Emerson e Romarinho naquele momento fez toda a diferença. O primeiro roubou a bola e seguiu com a mesma como bem sabe fazer. O segundo deu uma assistência totalmente inesperada e fantástica para o terceiro, que mais inesperadamente, nem se importou em estar na Bombonera e de forma fria e calculada, chutou por cima do goleiro. 1 x 1. Após 5 minutos, o Boca Juniors perdeu um gol incrivel numa cabeçada que foi para fora. Mais uma vez, não foi questão de sorte: a bola pune. Mais uma questão de falta de tranquilidade do jogador, que se viu em uma situação de ansiedade de marcar um gol que poderia lhe dar o título. Ansiedade que com certeza não estava do lado do Corinthians e nasceu do gol do time paulista.

Uma imagem para Romarinho se lembrar para sempre.
Um gol tranquilo para dar tranquilidade ao time no jogo de volta.


Boca anulado. Em um primeiro tempo marcado e disputado, ambas as equipes se estudando e sem muitas chances de gol, o Corinthians se absteve de procurar a vitória fundamental em sua história. Mais uma vez uma pequena parcela de nervosismo da Libertadores apareceu, mas de uma forma que não atrapalhou - o Boca também estava nervoso. Nem parecia o Boca de antigamente. Deméritos do Boca ou méritos do Corinthians? Um pouco de um e muito do outro. Vale lembrar que o Boca havia desclassificado todos os seus adversários fora de casa, equipes como o Fluminense e Universidad de Chile, que tinham time para chegarem à final. Assim a aplicação defensiva e a incrível consciência de espaço e marcação avançadas do Corinthians deram resultado.

Emerson foi o nome do jogo. Fez dois gols e provocou os defensores argentinos.
Será que os hermanos vão começar em falar da "catimba" brasileira?


Sem sofrimento. Foi assim o segundo tempo do Corinthians campeão. Emerson, um jogador fantástico de um despertar atrasado (só voltou ao futebol brasileiro para brilhar aos 29 anos), fez os dois gols da vitória. Se no primeiro gol o Boca já se abateu, no segundo gol, a torcida teve a estranha sensação de tudo estar bem encaminhado. Sem sofrimento, bastou esperar 20 minutos para soltar o grito. Nada de gol no ultimo minuto ou penalties. A equipe foi muito superior ao Boca, em todos os aspectos. Nem parecia que a Libertadores era um tabu corinthiano. Tudo serenou. Mesmo as outras torcidas guardaram seus fogos. Já não adiantava mais. Corinthians Campeão da Libertadores.

Aos 25 minutos do segundo tempo o Boca já estava entregue.
Corinthians campeão da Libertadores de 2012.


A perfeição não é necessária para ser campeão. A equipe do Corinthians não é melhor que a de 1999 e 2000, também não é melhor que a de 2006 e a de 2010. Mesmo assim foi muito mais longe. Ter um time competitivo e ligado é muito mais perigoso do que um grupo de jogadores bons e outro grupo destacado. Basta lembrar que o próprio Boca chegou em 5 finais em 8 anos. 



Chegar na semifinal é um grande mérito. Em um campeonato difícil como a Libertadores, as quatro melhores equipes são merecedoras de elogio. Mas infelizmente os dirigentes não pensam assim. As equipes do Santos e do Boca Juniors passaram por críticas malfazejas e talvez até sofram com expurgo de jogadores. Um exemplo é Ganso: de grande expectativa e inclusive adiantamento de recuperação para que o jogador se destacasse nas semifinais, o jogador hoje sai do Santos pela porta dos fundos. O técnico do Boca foi criticado pela falta de garra e o time "apagado". Isso está errado. Tivesse o Corinthians chegado apenas á semifinal, seria um ótimo resultado por si só.
Não é fácil ser um dos quatro melhores da América. Veja que ficaram no caminho Fluminense, Internacional, Flamengo, Velez Sarsfield, Atlético Nacional, Vasco. Qualquer equipe que chega às semifinais tem chance de ser campeã. Ser finalista é melhor ainda. No entanto, no futebol ainda hoje a equipe ser vice ou terceiro lugar é visto como uma perdedora, ao invés de se pensar que está no caminho certo. 
Basta lembrar que muitos dos vices ou terceiros ou quartos chegaram a ser campeões depois. E muitos dos campeões chegaram novamente à semifinal ou final. 



É natural ocorrer a venda de jogadores após o título. Mas Corinthians dá notícias e os comentaristas adoram informações bombásticas. Bastaram rumores de venda de jogadores que muito da imprensa já começou a falar em "desmanche" no time. Em primeiro lugar as contratações tem de ser confirmadas. Em segundo lugar é natural que um título desse naipe valorize sobremaneira os jogadores, e que portanto ocorram vendas para se fazer caixa, para o jogador aproveitar uma excelente oportunidade ou mesmo porque o jogador não se encaixava. Em terceiro lugar, se houverem reposições, ainda assim não é um desmanche. A torcida com certeza se assusta e imagina um futuro não tão glorioso para a equipe. Sendo que apenas uma semana atrás, havia sido disputada e ganha uma das partidas mais importantes da história do clube. 

Castán foi vendido. Zagueiros brasileiros não são tão valorizados na  Europa. Chance do jogador foi excelente.
Paulinho teve contrato renovado: ele faz parte da espinha dorsal do time e sua manutenção é importante para o time continuar competitivo.
Willian é um bom jogador, mas com Romarinho perdeu espaço no time. Corinthians fez um bom negócio, mas o jogador pode vir a estourar futuramente.


Mundial de Clubes. Falo desse assunto depois.

Campeão da Copa do Brasil.

Com méritos, o Palmeiras foi Campeão da Copa do Brasil. A equipe foi muito mais incisiva do que o Coritiba nos dois jogos. E que diferença faz um padrão de jogo. Lembre-se que Felipão já está a mais de 2 anos na equipe. Uma hora o resultado iria aparecer. Mesmo que a equipe não seja das melhores, joga do mesmo jeito faz um tempo, os jogadores se conhecem e tem valores de destaque como Valdivia, Mazinho, Barcos e Henrique. 

Palmeiras foi chegando chegando e chegou. Campeão da Copa do Brasil.


Estilo Mineiro Agauchado. As últimas temporadas não foram boas para o Palmeiras. A equipe não era uma das favoritas á Copa do Brasil. Chegou como quem não quer nada, sem obrigações e foi campeã. Isso já aconteceu com outras equipes de Felipão. Lembre-se da Copa de 2002. A Argentina especialmente e a França eram consideradas favoritas, seguidas pela Alemanha. O Brasil era uma equipe que havia chegado aos trancos e barrancos nas eliminatórias e tinha sido eliminado da Copa América por Honduras. Foi campeão de uma forma incrível.

Por estas razões o Palmeiras é uma equipe extremamente perigosa na Libertadores de 2013 (contando que Felipão continue). Ela tem o que é necessário para avançar na competição: um time com um padrão de jogo definido e competitivo.

Palmeiras com Felipão é uma equipe competitiva e perigosa.


Ao final de contas as pílulas não foram tão pílulas por que havia muito o que falar. 
Para fins de copyright, todas as fotos pertencem aos seus respectivos autores e são aqui utilizadas com os fins de ilustração e sem busca de lucros. 

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Além dos melhores momentos. 
Pilulas do futebol da Quarta-Feira, 13 de Junho de 2012.



  • Quem segue a inexistente e injusta cartilha do futebol deve ter ficado espantado com os resultados em que Palmeiras e Corinthians respectivamente derrotaram os ótimos times de Grêmio e Santos, respectivamente. 
  • Isso por que o futebol vai muito além do achismo, e mesmo dos melhores momentos que passam na televisão.
  • Neymar ficou surpreso com a derrota em casa, ao dizer que apenas um time jogou, dando a entender que o Corinthians deu sorte. Talvez Neymar devesse seguir o que disse o seu técnico Muricy Ramalho que salientou o mérito do Corinthians, muito mais do que qualquer azar do Santos. 
  • O primeiro tempo foi dominado pelo Corinthians teve duas boas chances logo no começo do jogo (chances que não estão nos melhores momentos). O Gol não foi uma única chance mas o resultado de uma tática ousada mas nada nova: marcar a saída de bola do Santos. 
  • Com isso a bola não chegava ao Neymar e Ganso, e ainda quando chegava esses jogadores sofriam com a marcação por zona.
  • Fosse ousado e tivesse mantido a forma de jogar, o Corinthians poderia ter saído com um resultado ainda melhor da Vila.
  • No entanto, a vantagem do jogo de volta é pequena. Não se deve esquecer que o Santos está acostumado a jogar no Pacaembu, e qualquer gol fora de casa se tornará uma bola de neve para o adversário.
  • Em critérios individuais, mais uma vez apareceu Paulinho e também Emerson, que já estava devendo um gol decisivo, condizente com o seu nível técnico.
  • Está errado, mas no Brasil cada campeonato é mais valorizado que o outro. Palmeiras e Corinthians mostraram mais do que um futebol, mas uma vontade que não demonstraram no Campeonato Brasileiro, e certamente vão pagar por essa desistência.
  • Se ambas equipes chegarem à final dos respectivos campeonatos, o prejuízo pode chegar até a 8 rodadas do Campeonato Brasileiro, ou quase 20%, o que é uma baita porcentagem.
  • A vitória do Palmeiras foi ainda mais heroica e tática. Muito se dizia sobre o bom momento do Grêmio mas esqueceram de avisar o Felipão.
  • O placar é o ideal para o time paulista, que apenas com esses gols ganha mais de 15 minutos de administração de resultado em São Paulo.
  • Indo para a final o Palmeiras chega com mais força que São Paulo e Coritiba.
Por hoje é só. Talvez eu tenha perdido um pouco o timing mais ainda pretendo falar de Brasil 3 x 4 Argentina, mais para frente.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Ronaldinho Gaúcho e o mistério dos medalhões.

Eles são os salvadores da pátria. Os departamentos financeiro e de marketing fazem projetos mirabolantes para assegurar sua contratação. Os medalhões do futebol não são assunto novo, sempre existiram e sempre existirão, com mais força conforme a Europa e outros nichos do futebol ainda paguem melhor que o futebol brasileiro.

Ronaldinho Gaúcho é um causador e uma vítima, ao mesmo tempo. Ainda não se sabe se não jogava porque não ganhava ou porque não queria. Não recebia seu salario, o que parece um grande erro do Flamengo, mas ao mesmo tempo nunca justificou a inteireza da fortuna que tinha direito.

Quando o ex número 1 do mundo voltou para o Brasil, parece que Ronaldinho pulou uma fase. Deveria ter jogado na Grécia, Turquia ou Mundo Árabe. Lá a pressão é diferente.

Não que Gaúcho não merecesse voltar para o Brasil ou muito menos não tivesse futebol para tanto - tinha e ainda tem muito o que mostrar - mas dentro do seu projeto, que não levou a serio, de voltar para a Seleção Brasileira, o Flamengo certamente foi a pior escolha.

Aqui Gaúcho se manteve perto de más influências, as diabruras cometidas por seu irmão, baladas, e um tratamento contraditório que existe no Flamengo. Enquanto sua falta de comprometimento era perdoada internamente, externamente era exposta para a torcida, que cada vez mais o cobrava.

Gaúcho necessita de disciplina para reaver seu futebol. Mas parece que carece da mesma sina que Adriano: a falta de objetivos na vida, objetivos fortes o suficiente para lhes dar um alento que os faça treinar como um junior em busca do jogo de estreia. Com alguns milhões no bolso e a seleção cada vez mais longe, ambos decairam de tal modo que as grandes equipes do Brasil ficam com os dois pés atrás na sua contratação.

Claro, Ronaldinho merecia receber o seu salário. Mas com esta e outras estrelas cadentes, os dirigentes tem de ter cautela muito maior. O salário das grandes estrelas tem de ter uma fonte até o final. Não adianta fazer parcerias fantasmas, se quem vai pagar o salario vai ser o time no final. Quinhentos mil reais não são pouca coisa.



Vamos ver o que acontece.

Me parece que o Atlético Mineiro fez um contrato interessante, de produção. Sinto que Ronaldo tende a render mais assim, ainda mais longe de praia.

domingo, 3 de junho de 2012

Reflexões sobre a Brasileirão na era dos pontos corridos.
Por André Sarli
Todas as fotos pertencem a seus respectivos proprietários e são utilizadas em caráter meramente ilustratório.

Em 2003, o Campeonato Brasileiro começava a ser disputado sob os auspícios de uma nova fórmula. Os pontos corridos eram considerados tanto a fórmula mágica da organização como o desastre da competitividade do futebol brasileiro. 

Agora, começando a 10ª edição, já se podem tirar conclusões muito além do mero achismo. Observar os efeitos da fórmula exige muito mais do que um campeonato ou dois ou três anos. Até porque com o passar dos anos o número de participantes diminuiu. Assim o modelo ficou se consolidando por mais uns 4 anos até atingir a estrutura como está hoje: todas as equipes jogam umas contra as outras em turno e returno e ao final a equipe que mais pontuou sagra-se campeã. 

Competitividade

Dentre as primeiras observações, a primeira que se faz é rebater a assertiva que esse modelo faz com que o Campeonato Brasileiro não seja equilibrado. Isso se baseia peremptoriamente no fato de que os campeonatos pelo mundo afora, de um nível técnico mínimo, privilegiaram o aparecimento de rivalidades entre no máximo quatro equipes ou até duas equipes. E que o futebol brasileiro tem 12 times grandes que competiam de igual para igual entre si. E que dessa forma, o poder econômico privilegiaria, criando artificialmente mais um patamar de times que dominariam o Brasileirão. 

Certamente, isto não aconteceu e não está em vias de acontecer.

Em 9 edições, 6 equipes foram campeãs. Cruzeiro, Santos, Corinthians, São Paulo, Flamengo e Fluminense.
Certamente nenhum equipe chegou perto do domínio. 
Para se ter uma noção, o Campeonato Italiano teve em 20 edições 5 campeões, e em 10 edições, 3 campeões. Sendo que uma equipe, a Internazionale, ficou com metade das taças.
No Campeonato Espanhol, tivemos 3 campeões em 10 anos. Sendo que Barcelona e Real Madrid conquistaram juntos 9 títulos no período.
No Campeonato Inglês, tivemos 4 campeões em uma década. Sendo que Manchester United e Chelsea tem 8 dos 10 títulos juntos.
Mesmo no Campeonato Alemão, notadamente mais competitivo, 5 times foram campeões em 10 anos,  mas com a ressalva que metade destes títulos ficaram com o Bayern de Munique.
A comparação com o campeonato Argentino é de certa forma complicada, posto que lá existem dois campeões por ano, respectivamente do Apertura e do Clausura. Então em 20 títulos disputados tivemos como campeões Racing, River Plate, Independiente, Boca Juniors, Newell's Old Boys, Velez Sarsfield, San Lorenzo, Lanús, Banfield e Argentinos Juniors - ou seja, 10 campeões, sendo que dos últimos 10 campeonatos foram 8 campeões diferentes.

Barcelona e Real Madrid - Exemplo de polarização do certame nacional espanhol.

Então falamos dos melhores campeonatos de futebol em nível nacional do mundo, notadamente os mais tradicionais. Existem algumas razões que explicam esses números:

- Território: Os países europeus tem um área territorial muito menor do que Argentina e mais ainda do que o do Brasil. Certos estados brasileiros são maiores que a Espanha.
- População: Conforme o tamanho do território influi, a distribuição populacional varia de acordo as distancias. Como nas cidades europeias a taxa de ocupação demográfica é muito maior, a população está mais condensada, e isso mitiga a influencia de clubes menores que potencialmente viriam a almejar um título.
A população sul-americana está muito mais espalhada em outras cidades, que distantes entre si, favorecem a criação de polos de torcida que dizem respeito a um certo time. É muito mais fácil um torcedor espanhol assistir um jogo do Real Madrid no estádio, porque a distancia é menor, do que um mineiro buscar assistir o jogo do Flamengo no Engenhão.
A grande rotatividade Argentina pode ter razões econômicas também. Com a crise fiscal e decréscimo do PIB no país, a diferença entre as grandes equipes e equipes menores caiu também. É muito mais difícil ao Boca Juniors e River Plate conseguirem bons contratos de patrocínio e também de venda de jogadores, quando comparados com os anos antes de 2000.


Emoção?

Outro detalhe a acentuar é o quesito de emoção dos jogos. Teria o Brasileirão perdido um pouco do Appeal com a extinção do mata-mata? Esse é um campo um pouco mais difícil para inquirições, afinal teria-se que entrar na mente de cada torcedor e o fato de seu time ter sido campeão na era dos pontos corridos certamente vai interferir. Além do que, 10 anos de um novo modelo é o suficiente para o surgimento de uma geração inteira de torcedores que só viram os pontos corridos.
Digamos que a emoção do campeonato perdeu um pouco de impacto, mas ganhou em sujeitos e momentos do futebol. 

Antes o momento mais lembrado era a final do Campeonato, especialmente por conta do time que foi campeão. No máximo o vice-campeão conseguia algum reconhecimento, isto dependendo do time em questão ter feito uma campanha histórica (ex: Vitória em 1993, Portuguesa em 1996). 
No entanto, em uma série de edições ainda assim a final terminou empatada ou mesmo culminou em um nada emocionante 0 x 0. 
Mas no geral, o título tem um maior impacto em uma final por causa de toda a expectativa criada em um único jogo que pode definir o campeonato.

Nos pontos corridos, a atenção está dividida entre vários jogos e vários times. Para começar, toda a trajetória do campeão é de se lembrar, ao invés de apenas o último jogo. Por exemplo, na última edição o torcedor corinthiano certamente lembra a vitória contra o grêmio no olímpico (2 x 1), a goleada em cima do até então líder São Paulo (5 x 0), a difícil vitória contra o Inter (1 x 0), os empates contra Inter e Vasco fora (1 x1 e 2 x 2), e a última série de 5 jogos que lhe deu o título. 

A atenção é dividida também em vários "jogos do título" e sobre isso há uma pequena perda de força. Por exemplo no Campeonato de 2009 Grêmio, Flamengo e São Paulo poderiam ser campeões. O telespectador certamente só poderia ver um jogo na integra. Além disso há a oportunidade de um time ser campeão em mais de uma rodada, dependendo de uma série de resultados. O torcedor cria a expectativa de ver um time ser campeão dependente do desempenho de outros times, com algumas rodadas de antecedência. 

Fluminense em 2009 - Um campeonato a parte, tão emocionante quanto o título, para fugir do rebaixamento.


Se nesse aspecto a atenção dividida não pode ser considerada tão emocionante como uma final, em outro os pontos corridos ganham: os mini-campeonatos. Conforme o certame avança, alguns times começam a disputar entre si uma vaga na Libertadores, na Sul-Americana, ou a presença na Série A. Com isso alguns jogos adquirem emoção e o torcedor certamente se lembra de algumas partidas que proporcionaram esse sentimento. O Fluminense que driblou inclusive a matemática para fugir do rebaixamento em 2009 é um grande exemplo. O Figueirense que em alguns campeonatos fez campanhas dignas de no mínimo participar da Libertadores. O Goiás que merecidamente chegou à final da Sul-Americana depois de uma série de boas campanhas no Brasileirão.

Então posso chegar a conclusão de que em emoção, o campeonato não perdeu muito em intensidade, e ganhou muito em variedade.

Previsibilidade

Com relação a previsibilidade, os pontos corridos foram um avanço, interna e externamente. Externamente por que com a imposição dos pontos corridos, aquele costume de mudança de regulamento que acontecia praticamente todos anos foi para o beleléu. Para quem não acompanhou o processo, basta ver o que acontece com o Campeonato Paulista que mudou o sistema do ano passado para este ano. 
No Brasileirão, desde a disputa por módulos, por turno único, play-offs, jogos decididos por penalidades ao final, a serie de mudança fizeram com que cada campeonato fosse diferente do outro e com isso se privilegiasse uma espécie campanha sobre a outra. Os times investiam mais em explosão do que em estabilidade. Bastava chegar entre os oito melhores, ou mesmo participar da segunda divisão. O aspecto sorte tinha maior peso do que hoje. O último mata-mata é um bom exemplo: graças a uma partida infeliz do Coritiba, o Santos lhe roubou o oitavo lugar e a classificação para as oitavas de final, e chegou ao título (não discuto aqui se foi justo, mas que foi emocionante, foi).

Todos se lembram de Robinho em 2002, mas se não fosse um tropeço do Coritiba na ultima rodada conta o já rebaixado Gama, o time não teria se classificado para as oitavas de final. 


Internamente, agora os times sabem que devem investir em um determinado número de jogos, todos com igual importância; que o banco de reservas é essencial para se alcançar as melhores posições do certame; que a demissão de um técnico deve ser muito bem estudada, e que a atuação dos times na janela de transferência pode ser a alegria ou o desastre de uma campanha. 
Maior destaque é o aspecto econômico e financeiro da previsibilidade. Claramente os times ganharam com melhores contratos de TV aberta, de pay-per-view e de patrocinadores. Conforme todos os jogos estão definidos em horário e lugar, salvo pequenas exceções, até o fim do campeonato, fica bem mais fácil vender em pacote para a TV e garantir a exposição pacífica de patrocínios. 
Não é a toa que os times estão se reforçando muito melhor do que em 2002 e 2003 e ainda 1995, 1996. Hoje o Campeonato Brasileiro já disputa em salários com o Português e consegue criar oportunidades para bons jogadores voltarem do centrão da Europa.
Isso está começando a criar um círculo virtuoso de qualidade que valoriza ainda mais o Brasileiro. Claro  que o futuro disso depende muito da manutenção de uma boa economia no Brasil. 

Justiça

Talvez seja a qualidade mais peculiar do Campeonato o ganho em justiça. Conforme já exposto, antes um time poderia chegar a ser campeão mesmo disputando uma parte do Campeonato na segunda divisão, ou chegando em oitavo lugar. Um time que ganhou 3/4 do que ganhou o primeiro colocado poderia ser campeão em cima do mesmo com muito menos pontos. Isso provocava questões de justiça, posto que ficar em primeiro muitas vezes era uma vantagem inócua.
Os pontos corridos proporcionam que o time que realmente foi melhor no apanhado geral seja campeão. Isso valoriza outros pontos do futebol, como o planejamento e o banco de reservas. Vide como o São Paulo foi campeão em 2006 e 2008, com campanhas sólidas que não se basearam na simples sorte de um gol no ultimo fim ou penalties mal marcados, mas uma série de jogos que lhe deram vantagem de pontos.

Campeonato Brasileiro de 1985. Coritiba  foi campeão com 17 pontos  a menos que o vice Bangu, que por sua vez participou de um grupo com times de nível de série C para chegar a outras fases. Campeonato Brasileiro mudava de fórmula a cada ano. 


Outros efeitos reflexos

Isso tudo cria uma atmosfera de estruturação no futebol. Nunca antes os times começaram tanto a assumir projetos de sócio-torcedor, renovação política, construção de Centros de Treinamento ou novos estádios, políticas de formação de base, projetos econômicos para manutenção ou compra de jogadores, entre outros, que são atividades que tem em comum o pensamento em longo prazo. 
A permanência de Neymar, a contratação de Ronaldo, os sucessos do Internacional com o Sócio Torcedor, o recente tricampeonato do São Paulo são ilustrativos dessa nova fase do futebol brasileiro. Mas isso também quer dizer maior concorrência. Qualquer passo em falso, mal planejamento, e mesmo técnicas antigas de administração do futebol como contratação impensada de medalhões e demissão de técnicos podem pôr em risco uma pequena geração de jogadores de um time. Grêmio, Corinthians, Vasco, Botafogo, Palmeiras são alguns exemplos disso. E seus rebaixamentos em geral tiveram um efeito reflexo de reorganização. Os três primeiros foram campeões logo após retornarem da segunda divisão.

Projeto Neymar 2014 - Reflexo de novos ares no Brasil e  de alguma forma impossível na década de 90.


Conclusões

O Campeonato de pontos corridos trouxe muito mais vantagens do que desvantagens. Em minha visão estas se resumem a poucos critérios de emoção. Todos os outros campeonatos são mata-mata, então mesmo esse aspecto pode ser relativizado - não faltam finais pelo Brasil e mundo afora. 
O crescimento em qualidade e o investimento nos times são as melhores heranças e razões para manutenção do atual sistema. As criticas e eventuais reclamações para mudança do sistema não se explicam intelectualmente ao tentar bater muitas das características do certame em turno e returno. É muito salutar que o sistema seja mantido por no mínimo mais 10 anos, posto que uma mudança próxima poderia por a perder os recentes investimentos feitos pelos clubes brasileiros, que não por acaso, são os times que se destacaram em títulos nos últimos anos. 


sábado, 26 de maio de 2012

Única Chance e os detalhes do futebol.
(ou as emocionantes classificações de Corinthians e Boca)

Quem viu os jogos que definiram as semifinais da Libertadores deve ter sido atraído por uma certa aura de nervosismo e emoção. Todos os jogos foram marcados dentro de campo por uma paridade que impediu que qualquer time fosse classificado com mais de um gol de diferença. 
Dizem então que os jogos foram parelhos dentro dos últimos 90 minutos. Quero me focar nesse último opinativo, especialmente em relação aos jogos de Boca Juniors e Corinthians.

Contra o Uruguai, em 70, um dos famosos gols que Pelé não fez. O jogo foi 3 x 1 para o Brasil, mas o lance mostra que Futebol vai muito além do que os gols do jogo.


Dizer que, por um resultado curto o jogo foi parelho é o mesmo que dizer que pelo fato de ninguém ter ganhado a mega-sena, ninguém acertou um único número. Existem pessoas que acertaram 3, 4, 5, mas infelizmente para elas não foi suficiente. Ou seja, não por detalhes, alguém chegou muito perto de ganhar a bolada. Da mesma forma o futebol é uma coisa, o resultado é outra. Por isso ainda reitero que futebol de resultado não necessariamente é feio, retrancudo, e só verificar no último artigo antes deste.

Pois bem, quem assiste apenas os melhores momentos tende a ter uma visão mais incisiva do que foi o jogo, mas não necessariamente consegue se desviar desta e perceber que há muito mais. Um time pode ser dominado a partida toda que foi 0 x 0, mas se meter duas bolas na trave, vão dizer que quase ganhou. Talvez fosse assim, mas o outro time pode ter sido muito mais feliz no jogo e só não ganhou pela bela atuação do goleiro adversario. 

Santiago Silva e o gol que não foi por acaso. Boca voltou com uma proposta mais agressiva.


Explico-me. Quando o Boca Juniors voltou do intervalo, perdendo de 1 x 0 do Fluminense, voltou como um time totalmente diferente daquele que foi dominado no primeiro. O Boca começou a tomar conta do jogo, mas mesmo não criando nenhuma chance concreta, estava muito mais disposto a fazer o gol e mais próximo que o Flu. Mesmo assim o time carioca ainda perdeu um gol feito. Detalhes. No entanto o Boca foi premiado justamente por avançar a sua marcação. O seu gol não foi um detalhe, mas um resultado de uma série detalhes. Não foi uma unica chance, como dito por vários jornais e comentaristas, mas a chance que melhor trabalhada resultou em gols. O Boca teve outras chances e chances não precisam resultar em finalização. Se o ultimo zagueiro tirar uma bola na cabeça da área, foi uma chance perdido, posto que poderia ter sobrado para um atacante oportunista.

Paulinho estar livre na área e testar para o gol: nunca um mero detalhe


Dai para dizer que o Corinthians aproveitou a unica chance que teve também é balela. Quem viu um jogo viu dois jogos, cada um com uma proposta - o primeiro tempo em que o Vasco foi ligeiramente melhor, em que os times mais temiam marcar o gol do que marcar, e o segundo tempo a proposta corinthiana foi mais ousada. O Vasco teve uma unica chance, em que Cássio fez milagre. Mas depois, o Corinthians fez uma blitz que embora não tenha resultado em chances de gol, proporcionou uma série de faltas, bolas alçadas a area e escanteios, todos pequenos detalhes, que resultaram em um escanteio, este não mero detalhe, que deu causa ao gol. Não por acaso foi um gol de volante - que desmarcado, subiu sozinho para testar para a rede. 

E assim se classificaram Corinthians e Boca, que pelo apanhado geral das partidas foram melhores que seus adversarios, tanto que assim o resultado corroborou as propostas de jogo, mas nunca meros detalhes. Tudo o que acontece no jogo tem um porque, que dificilmente é isolado de outros fatos que acontecem na partida.

Continuarei falando mais sobre isso.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Futebol de Resultado: Fácil de falar, Difícil de fazer, Demorado para mensurar, Complicado de manter.

Planejava fazer um balanço geral do que aconteceu em 04 dias de 04 campeonatos diferentes de futebol. Mas essa não é a proposta deste blog, pouco noticioso e mais "pitacoso". Por isso da mesma forma me incomoda  ler outros blogs de comentaristas, meus favoritos, logo após os jogos, em que os autores comentam como foi o jogo lance a lance. Ora, o jogo nós já sabemos como foi, gostaríamos de ter uma leitura diferente. Qual time jogou melhor, algum detalhe específico, ou seja, algo muito além da simples narrativa de jogo.

Para o bom entendedor de futebol, meia jogada basta.

Pois bem, com os resultados dos jogos da quarta-feira e do fim de semana, a vitória do Chelsea foi o destaque do semestre. Com muita torcida contra e viúvas do Barcelona esperando que se tratasse de um mero acaso, os blues derrotaram o Bayern e os maus agouros.


Drogba: Um título que o põe no patamar de jogador a ser lembrado no futuro. 


Ganharam com um futebol de Resultado. É fácil falar que se trata de um futebol de Resultado após o Resultado justamente acontecer. Esquece-se do belo time montado pelos ingleses, que joga junto há muito tempo. Lampard, Terry, Drogba, Malouda, Cech. Não que o Bayern não tenha a mesma qualidade. Mas a atenção deve ser voltada para o Chelsea, posto que foi campeão e é o time a ser lembrado no futuro.


Alemanha de 74: Só se fala da Holanda.


Meu raciocínio é que, se todos os times buscam um Futebol de Resultado, apenas um time vai ter sucesso, somente aquele que vai ter o resultado. Infelizmente é assim. Não por menos os técnicos dependem do resultado de um campeonato especialmente no Brasil. Mas o fato é que se todos buscam o Resultado ao invés de buscar jogar bem, o campeonato é extremamente concorrido. E sendo extremamente concorrido, o futebol de resultado é difícil de ser alcançado. Isso cria a sensação de que nem sempre o melhor time vence. Pois com a concorrência existem 3 a 4 times preparados para vencer pelo Resultado. 

Por isto é demorado para mensurar. O Chelsea demorou quanto tempo e bateu na trave para ser campeão da Champions. Mas deu certo. Jogo uns 4 anos para trás como o tempo que o Chelsea esteve preparado para ganhar a Champions. Poderia não ter dado certo e simplesmente esqueceríamos esse time. Então é complicado de manter. O time do Flamengo esteve excepcionalmente preparado para ganhar um campeonato que os outros times não pareciam interessados, em 2009. Mas nos outros anos não chegou nada perto de ser campeão. Foi um time de um ano só. 

Assim mesmo o Futebol de Resultado necessita se renovar. A Concorrência é tanta que os times começam a apelar para jogar um pouco mais bonito para se diferenciarem. Aqui é o pulo do gato, pois cria-se a falsa ilusão de que todos os times de resultado são retranqueiros. Vide a Seleção Brasileira de 2002, Palmeiras de 1999, Santos e Corinthians de 2011. 


Palmeiras de 1999 mais lembrado por Marcos do que por Alex



Aquele Palmeiras venceu na raça e jogando bem times do Vasco, do Corinthians, River Plate e América de Cali. Não é lembrado até hoje como um belo futebol, mas pelo resultado alcançado. Mas havia outros times  de Resultado que não foram campeões e times que jogavam bonito (Vasco e Corinthians) que ficaram pelo caminho. No entanto quando o Palmeiras esqueceu de jogar um pouco que jogava, foi derrotado pelo Manchester, que também não foi no Japão para jogar bonito. Assim o time com o melhor elenco venceu. 


A Seleção Brasileira de 2002 foi campeã com um time muito parecido com o time que foi derrotado pela Seleção de Honduras em 2001. Fácil de falar, mas difícil de manter - Felipão esteve perto de ser demitido.


Se fala do 1 x 0 contra a Turquia nas semi-finais, mas se esquece que o Brasil foi muito superior à Alemanha na final. Jogou com resultado e bonito.

Assim não é a toa que um time que busque Resultado seja campeão. Não é a toa que chegue a final também. A Alemanha de 74 tinha Beckenbauer e Overath. Em 2011 o Santos não jogou exatamente bonito, mas sim um belo futebol de Resultado. Já em 2012 a história parece estar sendo diferente.


Da mesma forma o Corinthians Campeão Brasileiro de 2011. Ganhou mais de 10 jogos pelo placar simples, mas quando se verifica como foram os jogos, especialmente no Pacaembu, as estatísticas mostram um enorme volume de jogo, com muitas chances perdidas de gol. 


Corinthians ganhou 28 pontos nos 30 primeiro disputados em 2011. Retranca?



Por isso, colocar a pecha de Retranca é muito perigoso. As vezes o Resultado foi de zero por simples circunstâncias. 

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Em 2012 existem mais times influenciados pela escola Barcelona. Concordo com Juca Kfouri nesse sentido: Santos, Fluminense e Universidade do Chile. Colocaria o Bahia também, o qual torço para que chegue longe na Copa do Brasil para valorizar o trabalho de Falcão. 


La U: Muito pouco se fala no Brasil. Time tem bons talentos.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Palmeiras salva Futebol da TV na Quarta-Feira. Bola sofre em São Januário.

Quem ligou a TV ontem em busca de futebol apenas as 21h50 deve ter ficado decepcionado. A bola foi maltratada no jogo Vasco x Corinthians pela Libertadores da América.

Algumas horas antes, o Palmeiras foi uma boa surpresa, tanto em resultado quanto em vontade, em um jogo que se não foi belo, foi eficiente e aprazível de assistir. O começo do jogo com certeza pode ter dado más lembranças ao time alviverde, afinal, fora goleado por nada menos do que 6 x 0 no ano passado pelo Coritiba na Copa do Brasil também no primeiro jogo no Paraná. Logo no começo do jogo, o Atlético Paranaense abriu o placar, perdeu dois gols e ainda teve um penalty mal anulado. A história poderia se repetir, no entanto o Palmeiras se aproveitou da defesa desguarnecida do Atlético, muito menos eficiente que a do Coxa 2011.
O Atlético ainda fez mais um e deu alento a sua torcida, mas a partir do segundo tempo o Palmeiras foi muito melhor, merecendo inclusive a vitória, e o jogo passou a ser mais interessante. Maikon Leite empatou em um golaço e o Palmeiras saiu com um ótimo resultado de Curitiba.


Perspectivas

As perspectivas do alviverde para essa temporada começam a melhorar com a chegada dos novos reforços e a oportunidade de jogar o Brasileiro em que os favoritos no começo ainda dão mais atenção a Libertadores. Deve ser a última chance de Felipão justificar a sua contratação.

Já no Rio, a bola chorou. Muito por causa do péssimo gramado de São Januario, em que a gorducha pulava mais que rolava. Acho um absurdo, em uma Copa Libertadores e em fase de quartas de final que os times jogam em tais condições. Na Liga dos Campeões só vemos tapetes nesta fase. Foi uma clara falha de planejamento, não importando que o Vasco tivesse de jogar em casa. O jogo é que deve ser privilegiado.




A partida foi emocionante no mal sentido para o torcedor, que com certeza deve ter sentido certa ira com os passes errados e a falta de ambição dos times. Melhor que tivessem não jogado. Quem esperava futebol encontrou um pouco de futevolei e uma série de mais de 40 chutões (sim, eu contei). Chances de gol, no máximo 4. O Vasco buscou mais o jogo, mas pecou pelas substituições e pelas jogadas que se tentavam se resumir pelo meio. Já o Corinthians, quase fatal como tem sido em outros jogos, teve duas chances latentes que pararam no goleiro e no zagueiro, mas não pareceu ter muitas ideias para jogar. Alex e Danilo foram mal, e Emerson, mais uma vez, extremamente esforçado.

O 0 a 0 ficou de ótimo tamanho para o jogo.

Perspectivas

O jogo ficou mais a gosto do estilo do Corinthians. A equipe tem melhores chances na semi-final do que o Vasco, pois tem um estilo de jogo pronto e bem alicerçado há um bom tempo e o time unido com o técnico, ao contrário do time da Colina.
No entanto, talvez o karma das equipes foi cair na chave do Santos. Sem Neymar, Corinthians jogaria de igual com a equipe praiana, enquanto o Vasco seria levemente inferior.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Neymar. Watch him.







If you live in Brazil you probably can read my last post in portuguese. If not, read this one then. You can read both if you want too.

The issue is You do love football (yes, football, futebol, fútbol, calcio, Fußball, not soccer) and want to watch something new. 

Neymar is the guy, the only player in Brazilian fields that can be said to be on a high level, very close to Cristiano Ronaldo and Messi. If you do not believe, just watch him. One of the wonders of the internet is that you can see even a player of Australia making 20 goals in Samoa. But Neymar is worth to watch, is the new and now confirmed gem of the Brazilian Team.

Pelé is a real myth, the chimera of world cups and the thousand goals, however he cannot be surpassed, either because the playing circumstances are indeed different or either by his inherent quality. The only flaw is that his actions were not sufficiently recorded and televised, due to the precarious technologies of the age. Still, what we can see today of his playing is fascinanting and not less impressing. Unhappily, it is all in past.



In Brazil, by 60 years we hoped a new Pelé would rise. Gradually we abandoned the idea. No one can be compared with the Football King. So we rationally put him in the Stratosphere, as he is graded 11 out of 10. That is the only way we can grade others players with a 10, and so have arisen Dinamite, Zico, Sócrates, Rivellino, Maradona, Platini, Cruyff, Romario, Ronaldo, Zidane, Messi.


So we started comparing with this players, and contenting ourselves with 9 graded players, fictious new 'high-level players' (as every year there is some player who is called the new Messi or new Ronaldo) and failed great promises, like Robinho and Denílson (former Betis player, bought by around 19 Million Dollars in 1998), who did much less than expected.


By all of this, brazilians lost almost all hopes for good players and football, with all best playing in Europe and national championship living by junior players, former soccer stars in the verge of retirement and 8-graded players. Suddenly a young player is noticed, thin and audacious, who in his first test faced Ronaldo in his last prime as a player (2009). Neymar could not do much and people said he would be a bluff.


Neymar in 2009. Few hoped he would cause a revolution.

As years passed by, the same critics who said we would be nothing now paint him as the "new" King, daring to put both at the same level. But these opinions doesn't matter for the matter.


What matters is that, finally we brazilians have a 10-graded player, who can resemble Pelé the most, created by the fate. He is not the same and neither he needs to be, since the Football God must have lost the King's blueprint. However the good and beauty brazilians football lovers now can deposit theirs hopes in Neymar. And by irony of facts, he will play in Brazil a few more years until the World Cup.


In 2010, posing with the King. Already graded 9.

Because all of this, you need to enjoy: Watch Neymar now, in the start of his prime. History shows that players like him are born one in a decade or less. It is a player that already score more than 100 goals and is still under 20. As much as is a rarity to say that still exists top-scorers players living in Brazil - on average they are bought after 2 or 3 years.



Em 2011, Multi-Champion and wished by Europeans Clubs. One of the top-three players.


You will have the pleasure to see the next player to be send to the stratosphere. Not a 11 graded, but he sure can reach more than 10.
In 2012, reaching a new level. What awaits next?


All pictures are property of their relevant authors =)
Assista o Neymar no Brasil enquanto você pode




Pelé é um mito, uma quimera dos mil gols e copas do mundo, que não pode ser ultrapassado, tanto pelas circunstâncias do futebol de sua era como de sua qualidade única. Seu único pecado é não ter sido suficientemente gravado e televisionado, dadas a tecnologias precárias da época. Ainda assim o que nos chega hoje é fascinante e não menos impressionante. Mas está no passado e só podemos ver o Rei jogar pelo VT, especialmente os gols da década de 70 em diante, já no fim de sua carreira.

Em 60 anos esperamos surgir um novo Pelé. Claramente, a tarefa era e continua sendo impossível, então nos contentamos com novos jogadores de muita qualidade, mas nada igual ao Rei. Decidimos colocá-lo na estratosfera, lá mesmo, como nosso nota 11. E nesse meio tempo, surgiram grandes jogadores que mereceram a alcunha de craques, todos nota 10. Dinamite, Zico, Sócrates, Rivellino, Maradona, Platini, Cruyff, Romario, Ronaldo, Messi. 

Começamos então a fazer comparações com esses jogadores nota 10. Surgiram então os jogadores nota 9, e com isso, a série dos 'novos' ficticios craques, criados pelo DVD ou pelos anseios da imprensa, como Arinelson no Santos, Defederico no Corinthians, ou ainda jogadores que prometiam muito mas fizeram pouco, como Robinho e Denílson. 

Quando de tudo isso pouco nos restava, todos os bons jogadores vivendo na Europa e o futebol Brasileiro vivendo de juniores, craques em fim de carreira e jogadores nota 8, eis que em 2009 surge um rapaz mirradinho, marrento e audacioso, que em seu primeiro teste encontrou um Ronaldo em seu último primor. Todos diziam naquela decisão que ele não seria nada, somente um novo Robinho, que tal jogador não decidia e não decidiria.

Neymar em 2009. Poucos esperavam-lhe uma revolução


Passados 3 anos, são as mesmas pessoas que o tingem de "novo" Rei, ousando dizer que ele é igual ao Rei. Mas estas opiniões não importam aqui.

O que importa é que 60 anos depois, finalmente temos um jogador nota 10, o mais parecido com o Pelé que o destino conseguiu criar. Não é o próprio e nem precisa ser, até porque o Deus futebolino que criara o Rei deve ter perdido o blueprint. No entanto, temos um novo jogador para ser o depositário das esperanças de todos os amantes do bom futebol... brasileiro. E por ironia dos tempos, nossa economia está em melhores ventos que a Europeia e conseguimos manter um jogador desse naipe no Brasil pelo menos até a Copa do Mundo.

Em 2010, com o Rei. Já um jogador nota 9 naquele ano.

Por isso, caro torcedor, a hora é de aproveitar. Assista o Neymar enquanto você pode. A história diz que demora-se no mínimo 10 anos para que apareça um jogador desta qualidade, e mais ainda no caso do Neymar, que merece já a esta altura é nota 10. Um jogador que já fez mais de 100 gols e tem menos de 20 anos é uma raridade. Como é uma raridade no futebol brasileiro falar de um jogador ser um dos maiores artilheiros de um clube - difícil um goleador se manter em um time por mais de 3 anos. 


Em 2011, Multicampeão e disputado pelos gigantes europeus. Já um dos três melhores do mundo.


Veja os jogos, grave os gols, tire fotos. Nestes 2 anos.

Porque depois que ele for vendido para a Europa, vamos ficar a ver navios novamente. Vai-se dizer a mesma coisa. Não haverá outro Neymar, mandemo-lo para outro Planeta, para evitar comparações vexatórias. Até outro jogador aparecer, seus filhos estarão comemorando empates.

Em 2012 melhor ainda. O que nos espera?


Créditos das fotos para os devidos autores =)

quinta-feira, 10 de maio de 2012

"Estados Unidos do Brazil". Porque ainda temos muitos atrasos no Futebol Brasileiro. 

Esta semana começou quente, com um misto de deja vu e tristeza no Futebol. O Bom futebol chora e deixa o futebol de resultados em seu lugar usual, de mandante da bola, coisa se pode ver desde os anos 1990. 
Mais um técnico se demitiu / foi demitido antes do seu trabalho terminar. Vagner Mancini do Cruzeiro. 



Incrível essa mania, que ainda que esteja em menores mares do que já esteve, ainda continua em altos patamares no semi-profissionalizado futebol brasileiro: Basta acontecer uma eliminação, mande embora o treinador. É o choque "necessário" no elenco. 

O futebol é cíclico. O time do Cruzeiro chegou a ser elogiado no Campeonato Mineiro, os jogadores exacerbados, Wellington Paulista, Roger. Nada disso. Tudo foi esquecido em pouco jogos. 

Olhe o Palmeiras de Felipão. A cada eliminação, a imprensa chove notícias da possível demissão. Os torcedores protestam e pedem o desmanche do time. O belíssimo time de 2000 do Corinthians, Campeão do Mundial de Clubes da Fifa, Bi-Brasileiro, Paulista, e Semi-Finalista da Libertadores, foi desmanchado por acessos de fúria da torcida. Edilson, Vampeta, Rincón sairam naquele ano que o time terminou o Brasileiro na penúltima colocação. Muricy Ramalho foi tri-campeão Brasileiro pelo São Paulo, mas não resistiu a três eliminações seguidas na Libertadores, sendo uma na final e outra nas Semis.

COM O FUTEBOL BRASILEIRO NÃO SE TEM PACIÊNCIA.

Não é preciso apelar a mais eventos recentes para provar tal. O leitor com certeza se lembrará de alguns, independente da região.

Por isto é semi-profissional. As cabeças pensantes são antes políticas e pró-torcida radical do que pró-futebol.
O Marketing demorou 20 anos para discutir um contrato mais valorizável com a TV. Ainda há a mania de se contratar medalhões para aplacar a ira da torcida, mas se esquece de avaliar o elenco e os possíveis efeitos desagregatórios. E ainda o que mais importa é trazer, do que pagar. Pagar é o de menos. Ou então, pague o craque e deixe o elenco, que segura o piano, para depois. O critério que vale é o Bumba-Meu-Boi, pegando emprestada a expressão de Paulo Bonfá e Marco Bianchi nos seus tempos de futebo-jornalistas.

A bola se colhe, porque não tem muito o que fazer. Ela apenas rola e vai onde o rio e o chute a levam. Mas chora, porque lembra dos bons tempos em que os times tinham mais de 3 ou 4 anos juntos, que o técnico era seu velho conhecido de tempos atrás. 

Escreverei mais sobre isso com o tempo.
Mas aqui começa a contagem: 2 times já demitiram seus técnicos antes da hora (Cruzeiro e Vitória)
Estão quentes: Joel Santana, Osvaldo de Oliveira, Dorival Junior.