sábado, 26 de maio de 2012

Única Chance e os detalhes do futebol.
(ou as emocionantes classificações de Corinthians e Boca)

Quem viu os jogos que definiram as semifinais da Libertadores deve ter sido atraído por uma certa aura de nervosismo e emoção. Todos os jogos foram marcados dentro de campo por uma paridade que impediu que qualquer time fosse classificado com mais de um gol de diferença. 
Dizem então que os jogos foram parelhos dentro dos últimos 90 minutos. Quero me focar nesse último opinativo, especialmente em relação aos jogos de Boca Juniors e Corinthians.

Contra o Uruguai, em 70, um dos famosos gols que Pelé não fez. O jogo foi 3 x 1 para o Brasil, mas o lance mostra que Futebol vai muito além do que os gols do jogo.


Dizer que, por um resultado curto o jogo foi parelho é o mesmo que dizer que pelo fato de ninguém ter ganhado a mega-sena, ninguém acertou um único número. Existem pessoas que acertaram 3, 4, 5, mas infelizmente para elas não foi suficiente. Ou seja, não por detalhes, alguém chegou muito perto de ganhar a bolada. Da mesma forma o futebol é uma coisa, o resultado é outra. Por isso ainda reitero que futebol de resultado não necessariamente é feio, retrancudo, e só verificar no último artigo antes deste.

Pois bem, quem assiste apenas os melhores momentos tende a ter uma visão mais incisiva do que foi o jogo, mas não necessariamente consegue se desviar desta e perceber que há muito mais. Um time pode ser dominado a partida toda que foi 0 x 0, mas se meter duas bolas na trave, vão dizer que quase ganhou. Talvez fosse assim, mas o outro time pode ter sido muito mais feliz no jogo e só não ganhou pela bela atuação do goleiro adversario. 

Santiago Silva e o gol que não foi por acaso. Boca voltou com uma proposta mais agressiva.


Explico-me. Quando o Boca Juniors voltou do intervalo, perdendo de 1 x 0 do Fluminense, voltou como um time totalmente diferente daquele que foi dominado no primeiro. O Boca começou a tomar conta do jogo, mas mesmo não criando nenhuma chance concreta, estava muito mais disposto a fazer o gol e mais próximo que o Flu. Mesmo assim o time carioca ainda perdeu um gol feito. Detalhes. No entanto o Boca foi premiado justamente por avançar a sua marcação. O seu gol não foi um detalhe, mas um resultado de uma série detalhes. Não foi uma unica chance, como dito por vários jornais e comentaristas, mas a chance que melhor trabalhada resultou em gols. O Boca teve outras chances e chances não precisam resultar em finalização. Se o ultimo zagueiro tirar uma bola na cabeça da área, foi uma chance perdido, posto que poderia ter sobrado para um atacante oportunista.

Paulinho estar livre na área e testar para o gol: nunca um mero detalhe


Dai para dizer que o Corinthians aproveitou a unica chance que teve também é balela. Quem viu um jogo viu dois jogos, cada um com uma proposta - o primeiro tempo em que o Vasco foi ligeiramente melhor, em que os times mais temiam marcar o gol do que marcar, e o segundo tempo a proposta corinthiana foi mais ousada. O Vasco teve uma unica chance, em que Cássio fez milagre. Mas depois, o Corinthians fez uma blitz que embora não tenha resultado em chances de gol, proporcionou uma série de faltas, bolas alçadas a area e escanteios, todos pequenos detalhes, que resultaram em um escanteio, este não mero detalhe, que deu causa ao gol. Não por acaso foi um gol de volante - que desmarcado, subiu sozinho para testar para a rede. 

E assim se classificaram Corinthians e Boca, que pelo apanhado geral das partidas foram melhores que seus adversarios, tanto que assim o resultado corroborou as propostas de jogo, mas nunca meros detalhes. Tudo o que acontece no jogo tem um porque, que dificilmente é isolado de outros fatos que acontecem na partida.

Continuarei falando mais sobre isso.

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