segunda-feira, 4 de maio de 2015

Falta de planejamento e Corinthians paga o Pato

Em 2012 e 2013 o futebol brasileiro parecia viver uma bonança. O PIB canarinho ainda crescia e uma aura de otimismo envolvia o esporte bretão. A Copa do Mundo se aproximava, novos estádios eram construídos e os times recebiam as cotas de novos e polpudos contratos com a TV. Abrir os cofres parecia ser a estratégia mais lógica. Mas alguém chegou a pensar no futuro que temos hoje?

Corinthians ainda paga o Pato

Foto: Site ESPN


A grande maioria dos times brasileiros, excetuando o Flamengo, parece estar em dívidas oriundas deste período. Os times paulistas, cariocas, mineiros e gaúchos viram as suas dívidas crescerem. Veja no blog do Rodrigo Mattos mais informações. Parece que ninguém esperava pela bonança passar tão rápido. Foi-se a Copa, foram-se os torcedores estrangeiros e restou um clima de domingo à noite no futebol brasileiro, depois do time do coração tomar aquela goleada (7 x 1?). Um vazio e sentimento de desesperança. 

Os dirigentes? Tentaram buscar as mesmas alternativas de sempre, especialmente uma moratória com a União, que quase pode ser confundida com um perdão de tributos. Mudanças de cabeça? Nada. 

Mas falo especificamente da contratação do Pato. O Pato é um grande jogador, o Corinthians um grande time, mas o momento não era dos melhores. Afinal me parece que o timão decidiu investir toda a bolada em jogador só, uma espécie de novo Ronaldo, mas muito mais caro, afinal o fenômeno veio de graça, a despeito de seus salários. Primeiro erro de investidores financeiros é colocar todos os ovos em um só cesto né?

Se não a maior, mas das maiores contratações de todos os tempos, Pato chegou por nada mais, nada menos do que R$ 40 milhões, para jogar o equivalente a 15 meses por salários que beiram R$ 800.000,00/ mês. Só aí já são mais R$ 12 milhões. Que tipo de planejamento financeiro é este que não leva em conta o impacto que o jogador vai ter na folha salarial? Pato equivale hoje a quatro meses de salário de todo o time do Corinthians. E mesmo jogando no arquirrival, a soma despendida a ele chega a 5% do total da folha. E só no SPFC ele já custou mais uns R$ 5 milhões aos cofres alvinegros. 

É fácil falar dos acontecimentos depois que aconteceram. Mas será que alguns problemas não eram previsíveis? Como por exemplo a desacelaração do PIB brasileiro e os próprios gastos corinthianos com estádio? Este ano, depois de algum tempo no azul, o Corinthians voltou a dever salários para os seus jogadores. 

A contratação também gera efeitos dentro de campo. Ciumeira entre jogadores. "Passa pro trezentinho". 

Engraçado. No futebol brasileiro, a arte imita a vida, e o ditado imita a realidade. O Corinthians ainda paga o Pato. Literalmente. Para jogar e arrebentar em um dos seus maiores rivais. Pato é bom jogador e o Corinthians é um grande time. Mas de todos os times que mais se endividaram, o Corinthians é quem teve o maior aumento: De 2013 para 2014, a dívida subiu mais de 60%. Para piorar, teve de fazer um acordo com o fisco para pagar certo o que pagou errado. E viu minguar a sua capacidade de contratar bons jogadores. Tanto que tem dificuldade em renovar com Guerrero - mais um erro de planejamento quando não renovou com o jogador em 2012 ou 2013 ou mesmo 2014. 

O Corinthians não é o único, mas é um dos grandes exemplos do excesso de otimismo financeiro, que reflete falta de planejamento e amadorismo. É preciso que os grandes clubes repensem as suas políticas de contratações de jogadores e de austeridade fiscal. Logo ouviremos times que anteciparam cotas de 2017 e vão vazar os orçamentos futuros. Enquanto isso, os dirigentes ingênuos acreditam em renovação do futebol brasileiro mantendo as mesmas peças. E ai, quem paga o Pato somos nós, torcedores. Continua 7 x 1 para a Alemanha. 


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