quinta-feira, 14 de maio de 2015

A derrota corinthiana - uma guerra de um lado só

Quando Paolo Guerrero fez falta boba no ataque, excesso de vontade que trasmudou em violência, eu já me segurei nas canelas e imaginei que aquele Corinthians não seria muito diferente dos jogos anteriores. Faltava inspiração, sobrava vontade, mas isso não seria suficiente diante de um time bem montado e fechado como o Guarani. O Corinthians parecia estar vivendo uma guerra e isso, como em 2003 e 2006 e 2011, foi negativo.

A derrota corinthiana, os excessos cometidos e o futuro

Mais uma expulsão de um Corinthiano: time confunde intensidade com ansiedade. Foto: Junior Lago/ UOL


O lance do Guerrero foi fátidico para mim, afinal, menos de um minuto já tinha passado. Eu tive certeza, diante dos últimos jogos, que o nervosismo traria uma ou mais expulsões para os nossos jogadores. A Libertadores do Corinthians foi um campeonato atípico na técnica, com um início promissor e uma queda brusca, mas no quesito "violência" nada mudou. Emerson, Guerrero, Fábio Santos e Jadson e Mendoza foram expulsos em jogos chaves, contra o Once Caldas, São Paulo e Guarani, justamente os mais importantes da temporada. 

A ansiedade, a violência, a pressa e o excesso de vontade estão relacionados. 

O meu palpite tem a ver com a forma como Tite montou o time. Tite veio da Europa com um jargão - intensidade! Algo que ele pregou desde o começo já no jogo contra o Hamburgo. 

E com uma boa preparação, a equipe começou a temporada atropelando os adversários. O que Tite tinha aprendido em Madrid e Londres estava se aplicando e parecia funcionar de vento em popa. Mas aqui não é a Espanha ou a Inglaterra. O certame é muito diferente e as preparações também. A ideia aplicada pelos técnicos europeus vem sendo trabalhada há bastante tempo e evoluiu do Tika-Taka (controle da posse de bole e ciscar na área adversária) para as blitz da Seleção Alemã e time do Real Madrid, dando preferência para a efetividade. Mas isso já dura pelo menos dois ou três anos. 

Os jogadores brasileiros não estão acostumados ainda a isto. É novo. E aqui na América do Sul e especialmente o Brasil, o futebol tem muito de emoção. Não foi difícil confundir a intensidade pedida por Tite com o excesso de vontade que descamba para a ansiedade, retrato do jogo, e a violência. O Corinthians, mais uma vez, tratou um jogo simples como uma guerra. O emocional, que foi o diferencial em 2012, pecou novamente em 2015. Já o Guarani do Paraguai nunca esteve efetivamente ameaçado. Teve uma atitude tranquila. A guerra era de um lado só

Ponto certo é que o treinador da equipe porteña é um nome a ser anotado para futuro, conseguindo mixar uma defesa sólida com contra ataques perigosíssimos, dada a limitação do time. 

Atacante paraguaio Santander também é um bom nome para o futuro. Foto: divulgação. 


A guerra psicológica não funcionou e o time perdeu dentro de campo. Fatores extra campo atrapalharam também, como a falta de pagamento de salários e o descontrole das finanças. As contratações não surtiram resultado: O jogo mais importante era formado basicamente por jogadores do Brasileiro de 2014. 

O futuro

A depender da forma amadora como a diretoria agiu nos últimos anos, com a contratação de Pato, Love e Cristian, especialmente os dois últimos com salários altissimos, o Corinthians terá trabalho no campeonato brasileiro. Se Guerrero realmente sair, será uma prova da falta de eficiência e o time perderá 50% do seu poder de fogo. 

Tite precisa repensar a sua estratégia de forma a manter a ideia inicial e a forma como o Time jogava no começo do ano. Não é porque perdeu que o técnico é ruim. O Corinthians se desencontrou, infelizmente na etapa mais complicada do caminho. Até implementar a filosofia, pode demorar, e o Brasileiro é um ótimo laboratório. 

A Copa do Brasil é incógnita. 

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