quarta-feira, 27 de maio de 2015

Que Guerrero vá. Que seja feliz. E que volte.

Anunciado oficialmente que Paolo Guerrero não defenderá mais as cores do Corinthians em 2015, as redes sociais tremeram e a torcida alvinegra se dividiu. Uns defenderam rejeitar o craque, outros agradecer a sua passagem. Uns lhe desejam: vá para o inferno e outros, lhe desejam boa sorte. Eu sou da última vertente. 

Que Guerrero vá. Que seja feliz. E que volte.

Um gol fatídico e que não trouxe idolatria imediata. 


Quando Guerrero chegou no Corinthians, foi justamente na ressaca da conquista da Libertadores. O time não dava muita bola para o Brasileiro, só pensava no Mundial, e para falar a verdade, ninguém sabia quem era aquele peruano doido com cabelos em metamorfose constante. A torcida estava bem contente com Sheik e com Jorge Henrique e imaginou que Guerrero seria uma espécie de novo Liédson, colhendo um gol aqui e outro acolá. 

Guerrero pareceu se entrosar rapidamente com a equipe e marcou 6 gols em 15 jogos no certame nacional. Mas a torcida ainda não botava fé no Peruano. Eis que chegou dezembro, uma copa especial e um gol fatídico. Mas nada mudou. 

O Gol do mundial, e uma idolatria que não se consumou.

O Nove Corinthiano marcou um típico gol de oportunismo e categoria e ajudou a bater a equipe inglesa do Chelsea. Trata-se de um dos títulos mais importantes da história alvinegra, mas ainda assim, tal como aconteceu com Mineiro pelo São Paulo e Adriano Gabiru pelo Inter, o gol não trouxe idolatria imediata ao jogador. Faltava alguma coisa, e ainda falta. 

A torcida só foi se acostumando mesmo a Guerrero nos outros dois anos, e passou a contar com o jogador como um diferencial em 2014 e 2015. O peruano não chegou a ser ídolo, mas ele estava na porta. Se Guerrero continuasse, certamente angariaria mais admiradores ao seu futebol, o que certamente ele tem condição de fazer. Assim como disse Casagrande, Guerrero estava em vias de se tornar ídolo. Mas vai sair. 

O que o jogador merece, o que o jogador pede e o que o time pode pagar. Que seja feliz. 

Peruano merece o que pede.


Não compartilho da tese de parte considerável da torcida de que Guerrero é mercenário. O jogador já tem 31 anos e todos sabem que a carreira do jogador de futebol é curta e o futuro é incerto. Trata-se, provavelmente, do último bom contrato do atacante peruano e o jogador tem que fazer um pé de meia. 

Guerrero está certo em pedir os valores que ele acha que o time pode pagar. O problema é que o time não pode pagar. Mas o time não pode pagar justamente por seus próprios erros. Fosse em 2014, o time tinha condições de arcar com o que Guerrero pede. Mas preferiu investir R$ 1 milhão mensal em dois jogadores que não trouxeram retorno algum e cujo valor de revenda tende a decrescer: Love e Cristian. Eles ainda podem estourar. Mas até agora, o investimento não se justificou. Enquanto isso, Guerrero, o jogador mais regular das últimas temporadas, vai embora. 

Ele merece o que pede. E o Corinthians só não pode pagar por seus próprios erros.

Explico: Não existe jogador igual a ele no futebol brasileiro. Guerrero sabe finalizar, sabe cabecear, sabe marcar e age como um pivô como ninguém. Guerrero também não tem medo de se jogar na bola e não tem medo de qualquer campeonato. Paolo é o contraponto de muitos boleiros brasileiros atuais. É o melhor reforço que qualquer time brasileiro possa querer. 

Que volte.

Gosto muito do futebol de Guerrero. E acho que ele ainda tem chances de voltar ao Corinthians. Caso fique no futebol brasileiro, será difícil a qualquer equipe pagar o pede. O Flamengo exsurgiu em um rompante de bom pagador, mas, conhecendo as agruras da cartolagem, é duvidoso saber até quando. 

Guerrero se identifica com os times de massa. Tem tudo para dar certo no Flamengo. Mas tomara que seja bem pago, e em dia. E que se for trocar de time, que volte para o Corinthians. Eu, pelo menos, o aceitarei de bom grado. 

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