quarta-feira, 16 de julho de 2014

Carta ao Amigo Tite

Caro Tite, você provavelmente não me conhece, mas ainda assim, o tomo por amigo, porque o que fez pelo meu time é algo que nunca esquecerei. Coisa de amigo mesmo. Mas não venho falar disso. Você já deve imaginar o teor desta missiva. 



Sei que existe uma grande probabilidade de você receber, nos próximos dias, alguma correspondência, algum telefone ou alguma visita da Confederação Brasileira de Futebol. Talvez você já tenha até recebido, ou esteja, neste exato momento, abrindo a correspondência com a sua faca gaúcha. 

Direto ao ponto. Trago, por meio desta, três pedidos para ti(te), que peço, encarecidamente, se quedem em consideração:

- Pense muito bem no momento atual da Seleção.
- Se for aceitar, não arrede o pé de sua exigências normais.
- Aceitando, tente promover mudanças na estrutura do nosso futebol.

Digo e repito, do fundo do coração, que talvez este seja o melhor e o pior momento para você aceitar. O grau de aprovação ao seu nome é o maior já possível. Não lhe faltará apoio do público. Você pode começar um trabalho basicamente do zero. Você pode realizar o seu sonho, presumo. 

Ao mesmo tempo, haverá uma pressão muito grande por bons resultados, e especialmente, bom futebol. Talvez as pessoas não compreendam o seu estilo de jogo, uma falsa retranca, muito alimentada pelas vitórias simples e empates que permearam o último ano. Talvez se você assumir agora e a CBF decidir interromper o seu trabalho, você não teria mais chances de usar a camisa amarela. 

Tome tudo isto em conta, e em especial, o momento turbuloso vivido pelo futebol brasileiro e pela Confederação, e pense, pense muito bem, mas muito bem mesmo. Nunca mais haverá oportunidade como esta, nos moldes que se lhe apresenta.

Se decidir aceitar, mantenha as suas exigências. Afinal, o técnico seria você, e não dirigentes, cuja maior ocupação é fazer jantares e lobby. Você será pressionado, como já disse, a apresentar resultados rápidos e jogará ante a torcidas impacientes. Mas não abandone o seu estilo, que já demonstrou, ainda que por um ano, que pode ser campeão do mundo. Claro, eu pessoalmente desejaria que você jogasse um pouquinho mais ousado! Mas sei que o futebol começa pela defesa, regra defendida por você. 

Principalmente: E, estando lá, lute por mudanças no futebol brasileiro, dos pés a cabeça. Com isso, quero dizer não só o modo como são geridas as categorias de base, mas também, em ultima ratio, o funcionamento da própria confederação. Por que alguns erros que culminaram naquela fatídica derrota teutônica por sete gols certamente não serão solucionados somente pela mudança de técnico, tenho certeza que você sabe disso. Isso inclui forma de eleições, gestão do campeonato brasileiro, regras para venda de jogadores juniores, e muito mais.

Em qualquer dos casos, aceitando ou não, ou mesmo não sendo chamado, boa sorte na sua carreira, espero que um dia volte a dirigir o meu time e quem sabe, pedir pessoalmente um autógrafo. 

Sucesso!

Sarli

Nenhum comentário:

Postar um comentário