quarta-feira, 9 de julho de 2014

O que aconteceu no 8 de julho de 2014.

Brasil 1 x 7 Alemanha.


Blitz Alemã. Foto: Diário de Pernambuco

Um desastre futebolístico, a maior humilhação pela qual passou o futebol brasileiro em todos os tempos. Não deveria ter um ponto final aí. Muito se fala do resultado. Mas, e o jogo em si? Nós apenas mostramos os 7 gols e nos lamentamos. Como quando se passa um terremoto e nós simplesmente choramos os mortos. Mas espera, como aconteceu?

Vamos aos fatos do jogo. Vou resumir o que aconteceu em meu ponto de vista.

Dentro do campo:

1. Uma formação que nunca jogou junta. Felipão não fez nenhum treino com a zaga formada por Dante e David Luiz. 
Ou seja, muito comercial e pouco treino. 

2. Ausência de marcação fixa
É fácil falar em apagão do time, quando o que se repara fora que nos cinco primeiros gols, a zaga bateu cabeça e marcou a bola ao invés dos jogadores. Coisa de várzea mesmo. 
Veja o link abaixo. Todos os jogadores alemães que fizeram os gols se encontram absolutamente livres, sem marcação de qualquer brasileiro, seja de zaga ou de sobra.


Esse é um defeito tático que não é visto em Copas do Mundo desde as décadas de 80, a última em que eram vistas grandes goleadas. A frase: não existe bobo no futebol é mais do que verdadeira. Seleções como a Austrália e outras africanas, que antes eram sumariamente goleadas, hoje aprenderam a se defender. Só o Brasil jogou como bobo.

3. Falta de um capitão
Normalmente em qualquer time, quando a equipe toma um gol bobo como o primeiro, oriundo de um escanteio, um jogador, como o goleiro ou o capitão, dá um esporro enorme do time, cobrando atenção. Em todos os gols tomados pelo Brasil, ninguém tomou as rédeas da situação, ninguém tomou a responsabilidade para fazer a equipe acordada. 

4. Ligação direta entre zaga e ataque
Se até a Colômbia o Brasil conseguiu de alguma forma driblar este problema, ainda assim ele não deixa de ser crônico. Dos cinco gols que tomou no primeiro tempo, três foram oriundos de bolas alçadas direto da defesa ao ataque, que aliadas à falta de marcação e sobra, tornaram fácil a tarefa da Alemanha marcar gols.

5. Atacantes sem função.
Fred e Hulk foram expostos ao ridículo nesta Copa do Mundo, assim como Jô e qualquer um que entrasse. Não à toa, excetuando Neymar, os jogadores mais admirados nesta edição foram Thiago Silva e David Luiz, zagueiros. No futebol moderno, a marcação começa pelos atacantes. Porém, os brasileiros foram posicionados de forma que não marcavam a saída de bola do adversário e ao mesmo tempo estavam isolados do meio de campo. Mais uma falha de Felipão.

6. Falta de peças diferentes.
O time que foi levado para a Copa é praticamente o mesmo que ganhou o torneio das Confederações do ano passado. No entanto, um ano é muito tempo, em termos de futebol, e pode significar a má fase de jogadores que antes estavam bem. É o caso de Oscar, Fred, Hulk, Paulinho. 

Fora de campo:
1. Grande distanciamento entre técnico e time.
A mídia tergiversou, mas Felipão disse o que disse: não teria levado um dos jogadores que foi à Copa do Mundo. Essa declaração certamente não só não surtiu o efeito desejado por ele como deixou muitos jogadores insatisfeitos. 

2. Falta de apoio de dirigentes a Felipão e aos jogadores.
A malfadada direção da CBF, já aos trancos e barrancos nessa Copa do Mundo deixou isolado o técnico da Seleção em momentos cruciais  

3. A falsa criação de uma identidade entre time e torcedores.
As campanhas publicitárias dispararam antes da Copa. Só se falava em Hexa. Hulk, Fred e outros que não jogaram estrelaram comerciais. A rede Globo tentou criar artificialmente um hino para a torcida. Antes da Copa, uma atmosfera broxante do público brasileiro, que contrastava com o Brasil dos comerciais. Não vai ter Copa era um dictum comum. Outros desprezavam esta edição, apesar de ser em nosso país, em decorrência de escândalos e corrupção. Claro, todos com seus motivos.
Mas essa situação contaminou os jogadores. Até que a torcida passasse a torcer efetivamente pelo Brasil, passaram-se cinco jogos. O gol de David Luiz fez o país esquecer destas questões por um tempo. Bastou o segundo gol da Alemanha e a torcida também sofreu o apagão.Já era tarde demais. 
Isso já vem desde idos de 1990. 


Prenúncios do futuro.
Uma goleada vexatória. Porém, não se deve jogar o bebê junto com a água quente. A Seleção não foi apenas defeitos. Caso contrário não teria sequer chegado na semi-final. Houve benesses que não devem ser abandonadas. Tomar sete gols foi o resultado de muitas coisas erradas que se acumulavam, mas as que trouxeram o Brasil ao título da Copa da Confederações e a semifinal não podem ser esquecidas. Como a zaga formada por David Luiz e Thiago Silva, as jogadas de Neymar e Oscar, e Bernard como revelação. Aliás, este jogador não pode ser culpado pelo que aconteceu.

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